Por Daniel Flynn e Lefteris Papadimas
ATENAS (Reuters) - Dezenas de estudantes atiraram pedras e bombas incendiárias contra delegacias em vários subúrbios de Atenas na quinta-feira, no sexto dia de protestos contra o governo conservador grego.
Mas o centro da capital estava mais calmo do que nos dias anteriores, depois da greve geral de 24 horas da quarta-feira, convocada por sindicatos contra reformas previdenciárias e privatizações.
Em Salônica (norte), cerca de 500 pessoas cercaram a delegacia central de polícia. Houve grandes manifestações também em Patras (oeste) e Ioannina (norte).
Em Atenas, os confrontos recomeçaram ao alvorecer, quando os estudantes que ocupam a universidade enfrentaram a polícia. Os distúrbios em seguida se espalharam para 15 delegacias em diversos bairros.
Alguns alunos levavam cartazes com a pergunta "por quê?", exigindo uma explicação pela morte, no sábado, de um jovem de 15 anos baleado por um policial, o que desencadeou a atual onda de protestos --agravada pela crise econômica e por casos de corrupção no governo.
Há manifestações marcadas para quinta, sexta e segunda-feira em Atenas, e muitos gregos já se perguntam até quando o governo conseguirá sobreviver.
"O governo mostrou que não pode lidar com isso. Se a polícia começar a impor a lei, todos dirão que a junta militar está de volta", disse o eletricista Yannis Kalaitzakis, 49.
Epaminondas Korkoneas e seu parceiro, acusado de cúmplice, foram presos na quarta-feira para aguardar por julgamento. Geralmente os tribunais gregos levam meses para começar a julgar casos.
O primeiro-ministro Costas Karamanlis, que anunciou apoio financeiro para centenas de empreendimentos danificados nas manifestações, deve viajar para Bruxelas para um encontro da União Européia na quinta-feira, enquanto o governo grego tenta seguir trabalhando normalmente.
Karamanlis e o líder da oposição, George Papandreou, fizeram apelos pelo fim da violência, que abalou dez cidades gregas e provocou centenas de milhões de euros em danos a propriedades.
Gregos também protestaram em Paris, Moscou, Berlim, Londres, Roma, Haia, Nova York, Itália e Chipre.
Embora o governo grego, que tem maioria de apenas um deputado no Parlamento, pareça ter conseguido controlar a crise mais imediata, sua aparente omissão diante dos distúrbios pode afetar ainda mais a sua popularidade, já bastante baixa. O Pasok (partido socialista, o maior da oposição) lidera as pesquisas de opinião e pediu antecipação das eleições.
"O cenário mais provável agora é que Karamanlis convoque eleições dentro de dois ou três meses", disse Georges Prevelakis, professor de Geopolítica da Universidade Sorbonne, em Paris.
Na quarta-feira, a greve geral, com adesão de centenas de milhares de trabalhadores, afetou aeroportos, bancos, escolas e hospitais.
Os sindicatos dizem que as privatizações, os aumentos de impostos e a reforma previdenciária pioraram as condições de vida no país, especialmente para os 20 por cento da população que estão na pobreza.
A Confederação Grega do Comércio disse que só em Atenas os danos às empresas atingiram 200 milhões de euros, sendo que 565 lojas foram seriamente danificadas.
(Reportagem adicional de Dina Kyriakidou, Michele Kambas,, Tatiana Fragou e Angeliki Koutantou)
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