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sábado, 29 de novembro de 2008

Em luto, Índia vive seu próprio "11 de setembro"

Por Phil Smith e Krittivas Mukherjee

MUMBAI (Reuters) - O choque deu lugar ao luto e à raiva no sábado, enquanto a Índia lida com o que os jornais locais estão chamando de o seu "11 de setembro", com manifestantes acusando o Paquistão de estar por trás dos ataques que mataram pelo menos 195 pessoas.

Soldados de elite e equipes de resgate trabalhavam nos escombros após a onda de violência que durou três dias, quando cerca de 50 manifestantes se reuniram nas proximidades do Taj Mahal Palace Hotel ainda em chamas.

"Nossos soldados vieram e o Paquistão fugiu", gritavam, erguendo os punhos ao alto.

A Índia culpou "elementos" do rival nuclear Paquistão pelos ataques, e há evidências de que os militantes islâmicos podem ter planejado a ofensiva no país vizinho.

Para os parentes das vítimas, a realidade dos ataques foi exposta no necrotério do Hospital JJ em Mumbai.

"Há três dias, ouvimos diferentes informações sobre minha irmã. Finalmente, hoje quando a vi, seu rosto havia sido destruído", disse um parente da jornalista Sabina Saikia, que foi morta dentro do hotel Taj Mahal.

Uma mensagem de texto circulou por Mumbai pedindo que as pessoas vistam roupas da cor preta no sábado. Muitos acenderam velas em cidades pelo país como um sinal de condolências.

Em outros lugares da Índia, milhares guardaram luto pela morte de 20 policiais e soldados nos combates com os militantes que transformaram a capital econômica e do entretenimento da Índia em uma zona de guerra, com ataques coordenados em vários pontos da cidade.

Imagens da TV mostraram caixões cobertos com bandeiras e coroas de flores sendo carregados em procissões coloridas. Bandas militares vestidas em uniformes vermelhos e pretos tocaram e fizeram salvas de tiros de homenagens durante as cerimônias funerais dos soldados mortos, que estão sendo considerados mártires.

Jornais chamaram os ataques de Mumbai de o "11 de setembro indiano" em referência aos ataques de 11 de setembro de 2001, que mataram aproximadamente 3.000 pessoas nos Estados Unidos.

Os políticos não deram trégua, com votações marcadas para Nova Délhi no sábado.

O partido Hindu nacionalista Bharatiya Janata (BJP), principal partido de oposição, fez anúncios de primeira página acusando a coalizão governista do Congresso de fracassar na defesa do país.

"Ataques terroristas brutais à vontade. Governo fraco. De má vontade e incapaz. Combata o terrorismo - Vote BJP", disse um anúncio, mostrando uma mancha vermelho sangue em um fundo preto.

O Partido do Congresso, criticado pelo BJP sobre a segurança nacional nas últimas semanas, respondeu: "20 dias de campanha falsa não podem substituir 10 anos de desenvolvimento. É a sua decisão".

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Empréstimo abre polêmica sobre caixa da PETROBRAS

Por Fernando Exman e Denise Luna

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Um alerta soou no mercado em relação à Petrobras nesta quinta-feira, depois de um empréstimo em outubro junto à Caixa Econômica Federal de 2 bilhões de reais para capital de giro ter vindo à tona pelas mãos da oposição ao governo e após o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmar que a empresa passou por dificuldades financeiras "momentâneas" que levaram ao empréstimo.

"A Petrobras está como sempre esteve", assegurou Lobão em entrevista a jornalistas. "Ela teve dificuldades momentâneas em razão de impostos imprevistos, mas é uma situação que se estabelece no passo seguinte."

Lobão evitou responder se o fato de o empréstimo ter sido feito por um banco público demonstra que a empresa não consegue financiamentos com bancos privados. "Por que não a Caixa?", indagou.

As ações da estatal permaneceram no terreno negativo durante todo o dia, caindo mais que o índice da bolsa, com a colaboração também da queda do petróleo.

Analistas observaram que apesar do empréstimo ser considerado normal, gerou incerteza o fato da empresa ter utilizado os recursos para capital de giro.

"Se ela (Petrobras) não trabalhar bem vai ter novamente problema de caixa, ainda mais com o petróleo ao preço que está", avaliou o analista do Banco do Brasil Investimentos, Nelson Matos.

Ele levantou preocupação principalmente com o plano de negócios da companhia, previsto para ser divulgado em dezembro. Matos prevê que as refinarias anunciadas, mas ainda sem obras iniciadas, deverão ser adiadas.

"O plano anterior (de 112,4 bilhões de dólares) previa mais de 80 por cento de capital próprio para os investimentos e o restante no mercado. Ela vai ter um desafio aí", observou. "O jeito vai ser reduzir investimentos, porque hoje não existe mais janelas de empréstimo", disse Matos.

A falta de confirmação ou de detalhes sobre o empréstimo ao longo do dia desagradou especialistas que acompanham a empresa, muito mais do que o empréstimo propriamente dito, na avaliação do analista do Unibanco Vladimir Pinto.

"É mais uma discussão política do que efetivamente um problema sério", acrescentou, sobre a polêmica que se criou em torno da operação com a CEF.

O analista admitiu, no entanto, que a queda das ações da estatal nesta quinta-feira pode ter uma ajuda da discussão.

"A Petrobras não deu muita informação sobre o empréstimo, ficou vago...é uma incerteza que pode ajudar (a desvalorizar as ações), mas quando você olha as ações (ligadas) a outras commodities vê que está tudo fraco também...", avaliou.

Para o analista Adriano Pires, o empréstimo mostrou que a Petrobras tem problemas de caixa e que não estava preparada para um ambiente de petróleo a 50 dólares o barril.

"No terceiro trimestre quase não geraram caixa e o barril ainda estava no patamar de 100 dólares, imagina o quarto trimestre como vai ser", ressaltou.

Em defesa da empresa, além do ministro Lobão, a ministra Dilma Rousseff disse no Rio que a empresa não está descapitalizada e a operação de empréstimo "foi absolutamente normal".

A Petrobras enviou nota na qual não fala sobre o empréstimo mas admite que a crise leva a empresa a buscar cada vez mais o mercado interno. Uma assessora da companhia destacou que desde o balanço do terceiro trimestre já havia percepção sobre a situação do caixa, apesar do lucro recorde.

"Houve problemas que afetaram a geração de caixa e isto está claro no balanço, problemas em relação a câmbio, a pagamento de participações especiais feitos com base no pico do preço do petróleo", explicou a assessora

Já em Brasília, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado decidiu realizar audiência pública, ainda não agendada, sobre o assunto. O senador Artur Virgílio, líder do PSDB, divulgou detalhes da operação de empréstimo e afirmou que vai convocar o presidente da Petrobras, entre outros, para prestar esclarecimento.

Segundo Virgílio, o empréstimo teria prazo de 180 dias e taxa de juros de 104 por cento do CDI over.

(Com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier)

Bovespa cai 0,7% em sessão com menor giro em 18 meses

Por Aluísio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - Sem a referência de Wall Street, fechado pelo feriado norte-americano de Ação de Graças, o investidor da Bolsa de Valores de São Paulo produziu a sessão mais sonolenta em 18 meses.

Depois de oscilar o dia inteiro em torno da estabilidade, o Ibovespa encerrou em baixa de 0,7 por cento, aos 36.212 pontos, quebrando a sequência de três pregões seguidos de forte alta.

Restrito às operações de compra e venda com liquidação no mesmo dia --day trade --, o giro financeiro somou tímidos 1,74 bilhão de reais, o mais baixo desde 25 de maio de 2007.

"Sem as bolsas de Nova York, o investidor ficou arredio a montar posições mais sólidas na Bovespa", disse Kelly Trentin, analista de mercado da corretora SLW.

O mercado buscou indicadores em outras partes do mundo para referenciar as transações. E as notícias não foram nada boas. O índice que mede o sentimento dos negócios na Europa recuou ao menor nível em 15 anos. E o governo chinês estimou que sua economia vai crescer 8 por cento no quarto trimestre, o pior desempenho desde 2005.

Esse pano de fundo acabou pesando sobre os preços das commodities, arrastando consigo as blue chips domésticas. Petrobras caiu 2,78 por cento, a 19,95 reais. Vale perdeu 0,94 por cento, cotada a 24,20 reais.

Na mão contrária, TIM Participações apareceu entre as líderes de alta pela terceira sessão seguida, disparando 5,9 por cento, para 4,10 reais, em meio a rumores de venda da operadora para a espanhola Telefónica, uma das donas da Vivo.

A Telecom Itália, controladora da TIM, admitiu nesta quinta-feira que vai discutir os negócios da companhia no Brasil na próxima semana, mas não está interessada em se desfazer da operação no país.

Outra a negar boatos de venda do controle, Sadia também subiu 1,5 por cento, para 3,41 reais. Gerdau, mesmo anunciando que vai adiar um investimento de 524 milhões de dólares para construção de uma siderúrgica na Argentina, não subiu 0,83 por cento, a 14,60 reais.

(Reportagem adicional de Filipe Pachedo; Edição de Vanessa Stelzer)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Dólar fecha em queda pelo 3o dia, a R$2,276

Por Jenifer Corrêa

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda frente ao real pela terceira sessão consecutiva nesta quarta-feira, acompanhando a recuperação dos mercados acionários globais.

Em mais um dia volátil, a divisa norte-americana fechou cotada a 2,276 reais, em queda de 2,15 por cento, após ter chegado a subir mais de 1 por cento.

Segundo Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, o movimento do câmbio esteve novamente atrelado ao mercado internacional.

"O mercado (brasileiro) responde muito rápido àquilo que é feito (no exterior)", afirmou .

Perto do fechamento do mercado de câmbio, os mercados acionários no Brasil e nos Estados Unidos consolidavam uma alta, após a forte volatilidade exibida ao longo da sessão. O principal índice da Bovespa subia perto de 5 por cento.

"Os mercados estão voláteis por causa (da variedade) de notícias que estão saindo... A divulgação de novos dados traz ansiedade e expectativas (entre os investidores)", avaliou Tarcísio Rodrigues, diretor de câmbio do banco Paulista.

Como influência positiva nos mercados, Rodrigues citou o pacote de estímulo econômico anunciado nos EUA na véspera e o defendido pela Comissão Européia nesta sessão. Como contrapartida, o diretor de câmbio mencionou os dados pessimistas sobre consumo e atividade econômica nos Estados Unidos.

Agentes de mercado também citaram a proximidade da definição da Ptax (taxa média em dólar) do encerramento do mês como fator que deve contribuir para a volatilidade no mercado de câmbio nesta semana. A taxa serve como referência para a liquidação de contratos futuros e outros derivativos.

O Banco Central realizou mais dois leilões de swap cambial tradicional --sendo um para dar continuidade à rolagem de um lote de contratos que vence no início de dezembro--, colocando no total cerca de 1 bilhão de dólares no mercado.

A autoridade monetária também divulgou que o fluxo cambial do país estava negativo em 2,6 bilhões de dólares em novembro até o dia 21.

Mortos chegam a 99 em Santa Catarina; Lula libera verba

Por Pedro Fonseca

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RIO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobrevoou nesta quarta-feira as regiões de Santa Catarina mais atingidas pelas chuvas, que deixaram 99 mortos até o momento, e destinou cerca de 2 bilhões de reais para ajudar as vítimas e a reconstrução do Estado e outras regiões do país.

Lula realizou um sobrevôo de helicóptero, que durou cerca de 30 minutos, sobre algumas áreas atingidas. Nove municípios já declararam estado de calamidade pública e sete cidades estão inacessíveis desde o fim de semana, com diversas estradas bloqueadas e casas inundadas.

A enxurrada já deixou ao menos 99 mortos, a maioria por soterramento, e 19 desaparecidos em Santa Catarina, segundo a Defesa Civil do Estado. Além disso, outros 78 mil desabrigados ou desalojados. Cidades estão submersas ou com as ruas tomadas pela lama, enquanto estabelecimentos comerciais foram saqueados pela população em meio à falta de água, luz e comida. O total de pessoas afetadas pelas chuvas no Estado passa de 1,5 milhão.

Santa Catarina receberá 370 milhões de reais para enfrentar a situação de calamidade pública, por meio de medida provisória assinada pelo presidente. Mais 1,6 bilhão será dividido entre o Estado e outras regiões que eventualmente passem por problemas semelhantes, de acordo com comunicado da Presidência. Desse total, cerca de 680 milhões de reais serão aplicados em Santa Catarina na recuperação de portos, rodovias, na Defesa Civil e na saúde, informou o Palácio do Planalto.

A Câmara dos Deputados criou nesta quarta-feira uma Comissão Externa, formada por todos os deputados catarinenses, para acompanhar a situação no Estado e garantir que o dinheiro da Medida Provisória do governo federal chegue logo ao destino.

"Está um caos, não tem comunicação, não tem luz em muitos bairros. A cidade esta criando crateras na rua. Você pisa no asfalto e ele vai abaixo", disse à Reuters, por telefone, o caminhoneiro Loreci Chames, cuja casa foi invadida pela água na cidade de Itajaí e a família está hospedada na casa de parentes.

"Perdi o carro, a moto e mais de 20 mil reais em móveis. Acabou tudo. Há três dias eu passo na porta da minha casa de jet-ski e continua tudo tomado pela água", acrescentou.

Autoridades locais, mobilizadas para fazer o resgate dos afetados, tiveram que destacar reforços de segurança às cidades atingidas pelas fortes chuvas devido aos saques. Em Blumenau, onde 20 pessoas morreram devido à tragédia, cinco pessoas foram presas por saques, de acordo com a Polícia Civil.

Mais de 200 policiais da capital Florianópolis, menos castigada pelas chuvas, foram enviados a cidades onde houve registros de saques na terça-feira. Além disso, cerca de 50 agentes da Força Nacional de Segurança foram destacados para ajudar no combate à criminalidade em Santa Catarina.

SEM COMIDA, SEM ÁGUA

A polícia informou ainda que efetivos de outras regiões estavam sendo deslocadas para cidades com registros de furtos.

Vinte e três helicópteros e seis aviões estão sendo utilizados para resgatar as vítimas nas regiões mais críticas e isoladas do Estado. De acordo com a Defesa Civil, quase 100 mil pessoas estão ilhadas.

"Muitas pessoas não comem nem bebem há 4 ou 5 dias. Eles estão famintos", disse o major Sérgio Murillo de Mello, comandante do Corpo de Bombeiros em Itajaí, um dos municípios mais castigados.

Um hospital de campanha das Forças Armadas será montado no Estado com parte da verba liberada pela MP, e outros 100 milhões de reais serão utilizados para reconstrução de postos de atendimento e substituição de equipamentos hospitalares, segundo comunicado da Presidência da República.

O abastecimento de gás em municípios da região e no Rio Grande do Sul também foi afetado pela enxurrada que causou o rompimento de um duto. A Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia- Brasil (TBG) informou que o reparo no trecho do gasoduto levaria 21 dias.

Segundo a Defesa Civil, dados do serviço meteorológico indicam recordes históricos de chuvas no mês de novembro nas cidades de Blumenau, Indaial, Joinville, Itajaí e Florianópolis.

(Reportagem adicional de Alice Assunção, Fabio Murakawa, Fernando Exmann, Mair Pena Neto e Raymond Colitt)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Dólar encerra segunda-feira em baixa de 5,24%; bolsa segue no positivo

SÃO PAULO - Depois de registrar cinco altas seguidas na semana passada, o dólar comercial encerrou as negociações desta segunda-feira em baixa de 5,24%, cotado em R$ 2,332. A mudança de rumo ocorre após um movimento de ajuste dos mercados e ao clima positivo durante as negociações desta segunda.

O Banco Central também colaborou com essa queda. O BC realizou novos leilões de contratos de swap cambial tradicional. De um total de 65.500 contratos ofertados, 44.000 foram negociados. A ação movimentou US$ 2,163 bilhões.

Bolsa de Valores

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) segue em forte alta nesta segunda-feira, impulsionada pela notícia de que os Estados Unidos vão socorrer o Citibank. Por volta das 16h30, a Bovespa registrava ganhos de 8,97%, aos 34.025 pontos.

A gestora de renda variável da Mercatto Investimentos, Daniella Marques, comenta que a bolsa brasileira acompanha o sinal externo e também se beneficia da valorização no preço das commodities, em especial do petróleo e dos metais.

Ela também lembra que, na sexta-feira, em função da diferença de horário, o Ibovespa não seguiu a retomada das compras em Wall Street, que resultou em valorização de mais de 6% para o Dow Jones; Portanto, já havia algum espaço para uma recuperação de preço.

Apesar da crise, Mantega vê expansão de 4% em 2009

Por Fernando Exman

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu nesta segunda-feira que a economia brasileira vai desacelerar em 2009, mas ainda assim terá condições de crescer 4 por cento.

"Nós ainda sairemos (da crise financeira internacional) de forma robusta e mantendo o crescimento. Não haverá recessão", afirmou o ministro em breve relato feito a jornalistas, após o término da primeira parte da reunião ministerial, convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que acontece na Granja do Torto, em Brasília.

Ao mesmo tempo em que reconhceu que 2009 será "um ano de crescimento menor para todo o mundo", Mantega buscou manter o tom otimista sobre as condições do país frente à turbulência que sacode os mercados financeiros globais há mais de um ano.

"O Brasil está em posição mais favorável... o país foi pego num momento de dinamismo", salientou o ministro, destacando os bons fundamentos da economia, o forte ritmo da atividade econômica doméstica e a menor vulnerabilidade do Brasil aos choques externos.

A projeção otimista do ministro em relação ao desempenho da economia no próximo ano contrasta com as estimativas de analistas do mercado brasileiro.

De acordo com pesquisa semanal do Banco Central, analistas e empresários esperam uma expansão de 3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2009, seguindo o avanço de 5,24 por cento da economia em 2008.

Em outra pesquisa divulgada nesta segunda-feira, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que especialistas acreditam que o país deve crescer, em média, 3,9 por cento num horizonte de 3 a 5 anos.

Durante sua apresentação aos colegas da Esplanada dos Ministérios, Mantega destacou mais uma vez a manutenção dos investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas assegurou que o controle fiscal não será abandonado.

"Tudo isso mantém a economia brasileira em crescimento. O governo continuará tomando medidas anticíclicas de modo a estimular o crescimento", disse.

Mais uma vez, Mantega fez questão de afirmar que o governo não pretende lançar um pacote contra a crise financeira internacional, e manterá a estratégia de adotar medidas pontuais quando necessário.

Desde o agravamento da crise, em meados de setembro, o governo adotou uma série de medidas para tentar reverter a contração do mercado de crédito e evitar um efeito mais negativo sobre a economia da pior crise financeira dos últimos 80 anos.

(Edição de Renato Andrade)

País volta a ser devedor em dólar no mercado interno

ISABEL VERSIANI - REUTERS /BRASÍLIA - A participação da dívida cambial do governo sobre sua dívida mobiliária interna total voltou a ser positiva em outubro após quase três anos, refletindo a estratégia do Banco Central de prover liquidez cambial ao mercado em meio à crise financeira global.

Dados divulgados nesta segunda-feira pelo Tesouro Nacional mostram que no mês passado a participação da dívida cambial sobre a dívida interna total, incluindo os contratos de swap, ficou em 1,32 por cento, frente a uma participação negativa de 2,35 por cento em setembro.

Foi a primeira vez desde dezembro de 2005 que o passivo cambial do governo no mercado interno superou seus ativos e a reversão reflete os contratos de swap tradicionais ofertados pelo governo ao longo das últimas semanas, os quais correspondem a uma venda futura de dólares ao mercado.

O coordenador-geral da Dívida no Tesouro, Guilherme Pedras, afirmou que, apesar dessa reversão na dívida interna, o país segue sendo credor externo em dólar.

"Temos reservas em dólar em volume elevado", afirmou Pedras a jornalistas.

Em outubro, mês marcado por forte volatilidade nos mercados globais, a dívida mobiliária federal interna cresceu 0,13 por cento e alcançou o valor de 1,226 trilhão de reais.

A variação refletiu um resgate líquido de 13 bilhões de reais em títulos e a apropriação de juros de 14,5 bilhões de reais.

No período, o Tesouro Nacional cancelou três leilões de títulos, reduziu o volume de papéis ofertados ao mercado e promoveu quatro leilões de compra e venda do papel prefixado NTN-F, operação que visava unicamente dar referência de preços aos investidores.

A parcela dos títulos prefixados --considerados melhores para o gerenciamento da dívida-- caiu para 31,5 por cento em outubro, ante 32,42 por cento em setembro.

Os papéis atrelados à Selic caíram para 35,93 por cento em outubro, ante 39 por cento no mês anterior, incluindo os contratos de swap. No mesmo período, a participação dos títulos corrigidos por índices de preços passou de 29,45 por cento para 29,75 por cento.

O Tesouro informou, ainda, que recomprou o equivalente a 448,2 milhões de reais em setembro e outubro em títulos da dívida externa.

Segundo Pedras, o Tesouro aproveitou o fato de os preços dos papéis terem caído em meio à crise para elevar suas recompras, que no bimestre anterior haviam somado 300,9 milhões de reais.

No acumulado do ano, as recompras somam até o momento um total de 1,9 bilhão de reais.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Obama escolhe presidente do Fed de NY para Tesouro, afirma NBC

Por Jeff Mason e Caren Bohan

CHICAGO (Reuters) - O presidente eleito nos Estados Unidos, Barack Obama, escolheu Timothy Geithner para secretário do Tesouro, colocando o respeitado chefe do Federal Reserve de Nova York em uma importante posição no momento em que a economia do país ruma para uma recessão, informou a NBC News.

Geithner, de 47 anos, era visto como um dos dois principais candidatos para o posto, junto com o ex-secretário do Tesouro Lawrence Summers.

O New York Times, por sua vez, informou que a senadora Hillary Clinton aceitou a oferta de Obama para se tornar secretária de Estado.

"Ela está pronta", teria dito uma de duas fontes próximas à senadora que confirmaram a resposta.

Mas o assessor sênior de Hillary, Philippe Reines, disse à Reuters: "Nós ainda estamos em discussões... qualquer relato além disso é prematuro".

Se confirmado como secretário do Tesouro, Geithner estará no comando dos esforços para tirar o país da crise financeira.

As bolsas de valores norte-americanas dispararam com a notícia de que Obama indicará Geithner para o cargo.

A NBC News também informou que o governador do Novo México, Bill Richardson, foi indicado para secretário de Comércio.

A escolha daria à administração de Obama o primeiro membro hispânico no alto escalão.

Hillary aceita cargo de secretária de Estado de Obama, diz NYT

WASHINGTON (Reuters) - A senadora democrata pelo Estado de Nova York Hillary Clinton aceitou a oferta do presidente eleito dos EUA, Barack Obama, para ocupar o cargo de secretária de Estado, informou o jornal New York Times nesta sexta-feira.

O jornal citou duas pessoas próximas a Hillary que disseram que ela tomou a decisão depois de conversas com Obama sobre a natureza de seu papel na política externa e diplomacia dos Estados Unidos.

"Ela está pronta", disse uma das fontes ligadas à senadora ao jornal, que postou as informações em seu site na Internet.

Clinton apareceu como uma candidata ao cargo de secretária de Estado no final da semana passada, surpreendendo o país que havia visto sua disputada candidatura à nomeação democrata à Presidência. Obama conseguiu a nomeação em junho e depois bateu o republicano John McCain nas eleições do dia 4 de novembro.

Segundo fontes do Partido Democrata, Hillary deveria ser nomeada em breve, e o anúncio oficial deve ser feito depois do feriado de Ação de Graças, no dia 27 de novembro.

A rede de televisão NBC informou outras duas importantes escolhas de Obama: o presidente do Federal Reserve de Nova York Timothy Geithner para o cargo de secretário do Tesouro, e o governador do Novo México, Bill Richardson, para o posto de secretário do Comércio. Segundo a NBC, os anúncios oficiais sobre as escolhas são esperados para a segunda-feira.

Hillary, mulher do ex-presidente Bill Clinton, possui um perfil mundialmente conhecido como líder política.

Analistas dizem que sua escolha como secretária de Estado poderia significar uma abordagem mais firme dos Estados Unidos, notando que ela estava mais relutante que Obama em se comprometer a fixar um cronograma para a retirada das tropas norte-americanas do Iraque.

Dólar fecha no maior nível desde julho de 2005, a R$2,461

Por Fabio Gehrke

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu pela quinta sessão consecutiva e terminou a sexta-feira no maior patamar em mais de três anos, em linha com o pessimismo do principal índice acionário do país.

A moeda norte-americana avançou 2,41 por cento, para 2,461 reais, maior cotação de fechamento desde 25 de julho de 2005. Na semana, a divisa acumulou valorização de 8,4 por cento.

"O dólar continua bastante forte pois o mercado está sem liquidez nenhuma", afirmou José Roberto Carreira, gerente de câmbio da Fair Corretora.

A falta de liquidez decorre da crise financeira global, que já fez o dólar decolar quase 40 por cento frente ao real este ano e mais de 57 por cento desde o patamar mínimo de 2008, atingido em agosto.

"As bolsas no mundo inteiro estão caindo e aqui não é diferente. Isso contribui para um dólar mais forte", acrescentou Carreira.

O principal índice da Bovespa caía quase 6 por cento no final da tarde e na Europa o indicador das ações mais representativas fechou em queda de mais de 2 por cento.

Em Wall Street, o mercado tentava se sustentar em território positivo numa sessão de forte volatilidade. Nos dois últimos pregões, as bolsas de valores norte-americanas tiveram queda acentuada.

João Medeiros, diretor de câmbio da Pioneer Corretora, lembrou que muitos dos negócios, principalmente de importadores, paralisados à espera de uma acomodação da moeda norte-americana estão começando a ser realizados.

Segundo ele, o posionamento dos agentes no mercado futuro de dólar também está pressionando o mecado à vista. De acordo com os últimos dados atualizados pela BM&F, o estrangeiros tinham mais de 14 bilhões de dólares em posições compradas, que funcionam como uma aposta na alta do dólar.

Medeiros ressaltou também o pessimismo global em torno dos problemas financeiros da indústria automobilística norte-americana e as especulações de que o Citigroup poderia vender importantes negócios para restaurar sua saúde e a confiança de investidores.

Nesta sexta-feira, as ações do Citi chegaram a cair abaixo de 4 dólares.

"Nós vamos ter problemas enquanto os EUA não se acertarem. Essas montadoras, bancos, tudo isso só prejudica o mercado."

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Investidor vende em Wall St, e S&P atinge menor valor desde 1997

NOVA YORK (Reuters) - As bolsas norte-americanas tiveram fortes quedas mais uma vez nesta quinta-feira, com uma fuga frenética do risco por parte dos investidores, o que aprofundou os temores econômicos e deixou o índice Standard & Poor's 500 em seu menor nível desde 1997.

Segundo dados preliminares, o índice Dow Jones caiu5,56 por cento, fechando com 7.552 pontos. O S&P 500 mergulhou 6,71 por cento, a 752 pontos. O Nasdaq recuou 5,07 por cento, fechando a 1.316 pontos.

As quedas confirmam o derretimento de mais de uma década de ganhos no mercado de ações.

(Reportagem de Rodrigo Campos)

BB acerta compra da Nossa Caixa por R$5,386 bi

Por Alberto Alerigi Jr.

SÃO PAULO (Reuters) - O Banco do Brasil anunciou nesta quinta-feira que fechou acordo para a compra do banco estadual paulista Nossa Caixa por 5,386 bilhões de reais.

O valor da operação por ação é de 70,63 reais e o pagamento será feito em dinheiro em 18 parcelas mensais corrigidas pela Selic a partir de março do ano que vem. A transação, segundo a Nossa Caixa, está sujeita à aprovação pela Assembléia Legislativa paulista até 10 de março de 2009, prazo este que pode ser prorrogado.

O governo de São Paulo vai alienar 76.262.912 ações ordinárias da instituição, equivalentes a cerca de 71,2 por cento do capital para o Banco do Brasil.

Pelo acordo, a Nossa Caixa será incorporada ao Banco do Brasil, que continuará prestando os serviços do banco estadual em todas as regiões onde está presente, mantendo políticas de fomento da instituição e assumindo operação de programas sociais paulistas administrados pelo banco.

O anúncio acontece pouco mais de duas semanas depois de o BB ter perdido a liderança no ranking dos maiores bancos do país, após o Itaú ter anunciado a fusão com o Unibanco.

Com a incorporação do banco estatal paulista, o BB mantém a segunda posição na tabela, com cerca de 470 bilhões de reais em ativos, atrás do Itaú Unibanco, com cerca de 515,8 bilhões de reais. Os ativos do Bradesco, o terceiro, eram de 422,7 bilhões de reais no final de setembro. Os números são os mais recentes informados por cada instituição à Bolsa de Valores de São Paulo.

Para analistas, o processo de consolidação do sistema bancário no Brasil ainda terá novos capítulos. "A consolidação não acaba aqui", diz João Augusto Frota Salles, analista sênior da consultoria RiskBank.

(Reportagem adicional de Aluísio Alves)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Lula descarta reforma ministerial e garante que Temporão fica

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou na terça-feira qualquer reforma ministerial em seu governo até 2010 e enviou um recado ao PMDB dizendo que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, é cota sua.

Após almoço no Itamaraty com o presidente da Indonésia, Lula afirmou que só fará mudança no governo se algum ministro quiser se candidatar em 2010.

O PMDB vinha manifestando nos bastidores interesse em assumir mais ministérios --a pasta da Justiça chegou a ser ventilada--, e também estava em rota de colisão com o ministro da Saúde.

Semana passada, Temporão acusou a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), cujo presidente foi indicado pela bancada do PMDB na Câmara, de envolvimento em corrupção, o que gerou revolta no partido. Alguns deputados chegaram a considerar a idéia de propor a troca de Temporão por outro nome do PMDB.

"O Temporão é meu ministro, ele fica", disse Lula sobre o titular da Saúde.

Na Câmara, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, garantiu que os problemas entre Temporão e o PMDB foram solucionados. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse que a bancada desistiu de fazer nota de repúdio às declarações de Temporão.

"Todo mundo se entendeu e isso é bom", disse Múcio a jornalistas. "(O caso da) Funasa também está resolvido e tudo permanece como está", acrescentou o ministro.

Lula descartou problemas com o PMDB, o principal aliado na base de apoio do governo, e disse que deseja uma reunião com lideranças do partido para que tudo fique claro.

"O PMDB tem prestado um serviço importante para as pastas que dirige", afirmou.

Além do conflito com Temporão e supostas pretensões ministeriais, o PMDB também deseja a presidência das duas casas do Congresso, o que contraria o presidente, que gostaria de ver Tião Viana (PT-AC) na presidência do Senado.

Lula evitou polemizar o assunto, atribuindo a competência ao Congresso.

"Eu não posso dar palpite num problema que é do Congresso Nacional", disse ele.

(Reportagem de Raymond Colitt)

Temor com bancos e montadoras nos EUA dita forte baixa na Bovespa

Por Aluísio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - Temores de que a crise global vai produzir novas baixas em grandes corporações globais produziram uma onda de vendas nos mercados acionários do mundo todo, levando a Bolsa de Valores de São Paulo para perto dos piores níveis do ano.

Com uma derrocada de 4,54 por cento, o Ibovespa fechou o dia em 34.094 pontos, a menor pontuação em três semanas.

O giro financeiro do pregão foi novamente estreito, de apenas 3,2 bilhões de reais.

O setor financeiro, mais uma vez, avivou o pessimismo dos investidores. Primeiro, foram as mudanças nos planos do banco britânico Barclays de levantar capital, que provocaram repúdio de seus acionistas.

Não por acaso, as ações de bancos foram algumas que mais sofreram também por aqui. Itaú caiu 7,6 por cento, a 23,80 reais. Unibanco, seu parceiro na fusão anunciada no início do mês, tombou 7,7 por cento, avaliado em 13,15 reais.

Simultaneamente, as primeiras análises sobre o plano do Citigroup, de cortar 15 por cento da força de trabalho, dentro de um plano agressivo de redução de custos, eram céticas quanto aos efeitos desejados pela companhia. Resultado: o setor financeiro teve outro dia de perdas pesadas.

Não bastassem o setor financeiro, o automobilístico acrescentou pressão adicional, à medida que cresciam os temores de que o governo dos Estados Unidos pode se recusar a socorrer grandes montadoras, como General Motors, Ford e Chrysler, o que fatalmente as levaria à bancarrota.

"Isso geraria uma nova onda na crise", disse Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe do banco Credit Agricole.

Papéis de outras grandes empresas ligadas a commodities também não resistiram ao mau desempenho global das matérias-primas e foram abatidas.

Companhia Siderúrgica Nacional desabou 6,8 por cento, para 21,99 reais. Petrobras perdeu 5,87 por cento, cotada a 19,25 reais. Vale encolheu 4,77 por cento, com negócios a 23,14 reais.

Ao fechar uma hora antes de Wall Street, a praça paulista não refletiu uma das muitas reviravoltas do dia dos principais índices das bolsas de Nova York. O Dow Jones fechou em alta de 1,8 por cento, depois de ter chegado a cair quase 2 por cento.

domingo, 16 de novembro de 2008

Líderes mundiais concordam em agir com rapidez contra recessão

Por David Lawder e Emmanuel Jarry

WASHINGTON (Reuters) - Líderes mundiais apoiaram no sábado um plano de ação rápido para combater a crise econômica global, concordando na necessidade de medidas para impulsionar o crescimento, melhorar as regras do mercado financeiro e dar mais voz aos países emergentes.

"Estamos determinados em melhorar nossa cooperação e trabalhar juntos para restabelecer o crescimento global e realizar as reformas necessárias nos sistemas financeiros mundiais", disseram os líderes de mais de 20 países industrializados e em desenvolvimento após uma cúpula.

Planos de gastos governamentais para impulsionar o crescimento são necessários com "efeito rápido", mas eles não se comprometeram com um impulso coordenado, e as diferenças sobre como regular o setor financeiro ficaram aparentes, principalmente em áreas como hedge funds.

Em um momento histórico, eles concordaram que os países emergentes têm que ter mais voz na tomada de decisões sobre a economia global. Serão estudadas maneiras de dar mais poder a esses países no Fundo Monetário Internacional.

Presidentes e primeiros-ministros das potências do Século 20 se juntaram pela primeira vez num encontro do G20 aos novos peso pesados da economia mundial, como China e Arábia Saudita. Eles se reuniram em um museu de Washington em volta de um grande mapa-mundi, e buscaram enfatizar o caráter global do plano.

O presidente norte-americano, George W. Bush, comemorou o encontro como um sucesso e disse que os líderes concordaram na adoção de políticas pró-crescimento.

"Faz sentido que saiamos daqui com um firme plano de ação, o que nós temos, e também faz sentido dizer às pessoas que há mais trabalho para ser feito e que haverá mais encontros", disse.

Os sinais de desaceleração econômica têm se acumulado em várias regiões do mundo, com a zona do euro entrando em recessão, como apontaram dados divulgados nesta semana, desemprego aumentando nos Estados Unidos e em outros países e as economias emergentes se desacelerando.

Enquanto a cúpula começava, o Fundo Monetário Internacional acertava um empréstimo de pelo menos 7,6 bilhões de dólares como parte de um plano maior para o Paquistão, onde as reservas internacionais despencaram e o risco de inadimplência dos créditos do país aumentaram.

Em outro sinal do alcance da crise, a Índia tomou no sábado a mais recente de uma série de medidas para melhorar a liquidez nos mercados monetários e ajudar os exportadores.

O G20, grupo de países avançados e em desenvolvimento, também concordou no sábado de que não deve haver aumento no protecionismo diante da desaceleração econômica.

Bush e vários outros líderes disseram que eles devem ter como objetivo o fim do impasse na Rodada de Doha de negociações sobre o comércio mundial, para se chegar a um acordo global antes do fim do ano.

NECESSIDADE DE RESPOSTA AMPLA

A apenas dois meses do fim do mandato de Bush e com presidente eleito dos EUA, Barack Obama, preferindo se manter distante da cúpula, as conversas sobre o lançamento de uma reforma ampla das finanças globais foram amenizadas.

No comunicado após o encontro, os líderes disseram que a piora na economia significa que "uma resposta de política mais ampla é necessária, baseada em cooperação macroeconômica mais próxima", e eles apoiaram medidas fiscais para impulsionar o crescimento sem colocar em risco a disciplina orçamentária.

Eles também enfatizaram a importância da política monetária "como considerada apropriada para as condições domésticas".

Bancos centrais ao redor do mundo reduziram as taxas de juros conjuntamente em uma medida sem precedentes em outubro, no momento em que os mercados financeiros entravam em pânico por conta da possibilidade de recessão, mas com as taxas nos EUA já próximas de zero, o espaço para mais cortes coordenados é limitado.

Os líderes prometeram "tomar qualquer medida que seja necessária para estabilizar o sistema financeiro".

Muitos líderes vieram para Washington para enfatizar a importância de mais regulações para combater os excessos no setor financeiro.

"Prometemos... garantir que todos os mercados financeiros, produtos e participantes sejam regulados ou sujeitos à supervisão", afirma o comunicado do encontro.

Mas um plano de ação, também objetivo de acordo entre os líderes, colocaram, aparentemente, os hedge funds e as private equities como exceção aos rígidos novos controles, alegando que eles "devem trazer propostas para uma série de melhores práticas unificadas" a serem revisadas pelos ministros das Finanças.

Os líderes devem se reunir novamente antes do fim do abril e eles deram uma série de tarefas aos ministros das Finanças como revisar padrões contábeis, colégios de supervisores para grandes bancos globais e padrões para agências de rating.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que a próxima reunião deve acontecer provavelmente em Londres, já que a Grã-Bretanha assume a Presidência do G20 no ano que vem.

Isso deve acontecer no momento em que o mundo poderá ver se Obama terá uma abordagem diferente de Bush sobre como combater a crise financeira, assim como outras questões, como a mudança climática e o comércio internacional.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Pacote de estímulo da China impulsiona mercados na Ásia

Por Eric Burroughs

HONG KONG (Reuters) - As bolsas de valores da Ásia fecharam em alta nesta segunda-feira depois que a China divulgou um plano de estímulo econômico de quase 600 bilhões de dólares, mais uma das muitas medidas tomada por governos para limitar as consequências da crise financeira global. Os preços das commodities também tiveram reação positiva ao pacote.

Glen Maguire, economista-chefe para Ásia do Société Générale, disse que os cortes de juro, maiores gastos governamentais globalmente e uma provável recuperação dos investimentos corporativos no próximo ano devem semear uma recuperação econômica.

"A atividade econômica só pode acelerar. Cuidado com os profetas do juízo final", disse Maguire.

Os danos decorrentes da pior crise financeira desde a Grande Depressão foram destacados mais uma vez na sexta-feira, quando o governo dos Estados Unidos divulgou que a taxa de desemprego no país atingiu o patamar mais alto em 14 anos. Dados econômicos japoneses divulgados nesta segunda-feira também mostraram que as encomendas de máquinas sofreram a maior queda trimestral em uma década.

O índice Nikkei da bolsa de Tóquio encerrou o pregão com alta de 5,8 por cento, enquanto o índice da bolsa de valores de Xangai, na China, teve forte valorização de 7,27 por cento, o que ajudou a elevar o índice MSCI das principais ações asiáticas, com exceção do Japão.

Um estrategista de ações do Citigroup disse em relatório que a saída de recursos dos mercados acionários da Ásia, excluindo Japão, já totaliza 20,2 bilhões de dólares, ou 37 por cento do dinheiro que ingressou entre 2003 e 2007 --um percentual similar à quantidade que saiu durante a crise de 1997-1998.

O índice Kospi, da bolsa da Coréia do Sul, registrou alta de 1,6 por cento, tendo dificuldades inicialmente de estabilizar ganhos à medida que a Hyundai Motor se desvalorizou com a notícia do impacto do apoio norte-americano a sua abatida indústria automobilística.

O índice S&P/ASX 200 da Bolsa de Sidney, na Austrália, fechou em alta de 1,4 por cento, impulsionado por ações da BHP Billiton da Rio Tinto, mesmo depois que o banco central do país cortou sua previsão de crescimento.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng subiu 3,5 por cento, e em Cingapura, a valorização foi de 1,1 por cento.

Inflação segue em alta, analistas elevam estimativas

Por Renato Andrade

SÃO PAULO (Reuters) - Os primeiros índices de preços de novembro vieram com variações salgadas, mostrando que a inflação no país segue sem sinais de desaceleração. Na esteira dos dados, analistas revisaram para cima suas projeções para os indicadores de 2008 e 2009, uma notícia ruim para o Banco Central.

O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) registrou na primeira leitura do mês uma alta de 0,80 por cento, ante valorização de 0,55 por cento no mesmo período de outubro.

Já o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) teve uma variação positiva de 0,58 por cento, a maior taxa registrada desde a terceira semana de julho, segundo informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável pelo cálculo dos dois indicadores.

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já havia informado que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza a política de metas de inflação, acumulou nos últimos 12 meses até outubro, uma alta de 6,41 por cento, muito próximo do teto da meta definida pelo governo.

Diante da deterioração do cenário inflacionário, analistas consultados pelo BC elevaram suas estimativas para o comportamento do IPCA em 2008 e 2009, o que pode ser mais um elemento complicador para o trabalho do Banco Central de ancorar as expectativas inflacionárias do mercado.

De acordo com pesquisa divulgada nesta segunda-feira, analistas apostam que o IPCA fechará o ano com alta de 6,40 por cento, acima dos 6,31 por cento estimados no levantamento anterior.

Para 2009, a projeção foi elevada para 5,20 por cento, ante estimativa de 5,06 por cento na pesquisa passada.

O governo fixou para 2008, 2009 e 2010 uma meta de inflação de 4,5 por cento, com margem de variação de 2 pontos percentuais, para cima ou para baixo.

Se a inflação ultrapassar o teto da meta, de 6,5 por cento, o presidente do BC, Henrique Meirelles, terá que encaminhar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicando as razões que levaram ao descumprimento da meta e as medidas que serão adotadas para trazer os preços de volta à trajetória das metas.

SUBINDO JURO?

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC sempre deixou claro que a ancoragem das expectativas inflacionárias do mercado é um dos elementos-chave da política monetária brasileira.

Nas atas de suas reuniões, o comitê sempre destaca que a materialização de repasses de preços mais altos no atacado para o varejo, assim como a generalização de pressões localizadas, dependem "de forma crítica" das expectativas de inflação dos agentes econômicos.

Na reunião de outubro, o Copom decidiu, por unanimidade, interromper o ciclo de aperto do juro iniciado em abril, mantendo a taxa Selic em 13,75 por cento ao ano. Mas deixou claro que o juro pode ser elevado novamente, caso os índices de preços não voltem ao patamar desejado.

O avanço do IGP-M na abertura de novembro foi influenciado pela forte alta dos preços no atacado, que tiveram variação de 1,01 por cento. Os preços ao consumidor também registraram um comportamento pior na abertura do mês, com alta de 0,22 por cento, ante queda de 0,08 por cento no mesmo período de outubro.

Na pesquisa feita pelo BC, analistas mantiveram a aposta que a Selic será mantida em 13,75 por cento na reunião do Copom de dezembro. Para 2009, entretanto, os economistas consultados estimam que a taxa estará em 13,25 por cento em dezembro daquele ano, levemente abaixo dos 13,38 por cento projetados no levantamento anterior.

Em termos de expansão do Produto Interno Bruto (PIB), os analistas seguem apostando num crescimento de 5,23 por cento este ano e de 3 por cento em 2009.

(Edição de Alberto Alerigi Jr.)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Países emergentes tentarão ganhar influência com reunião do G20

Por Todd Benson

SAO PAULO (Reuters) - Autoridades financeiras dos principais países emergentes iniciam em São Paulo nesta sexta-feira uma reunião do G20 que pode ajudar a desenhar as bases para uma revisão do sistema financeiro global que dê mais voz aos países em desenvolvimento.

Com os Estados Unidos e a Europa cambaleando em meio à crise financeira mundial, as robustas economias emergentes, como o chamado Bric --que reúne Brasil, Rússia, Índia e China--, querem ter um papel mais importante no cenário mundial.

Mas os interesses diversos desses países podem dificultar a obtenção de um consenso sobre como melhor regular os mercados financeiros e redefinir organismos mundiais como o G8 --grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia.

Os ministros das Finanças e as autoridades dos bancos centrais procurarão, nos três dias de reuniões do G20 em São Paulo, dar sequência à cúpula do fórum Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que terminou na quinta-feira no Peru pedindo uma ação coordenada para estimular os mercados de capital.

Qualquer progresso feito no encontro do G20 e na reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS) na segunda-feira, também em São Paulo, servirá como um rascunho para uma cúpula do G20 em Washington em 14 e 15 de novembro, que está sendo vista como uma chance de se redesenhar a arquitetura financeira global.

"As expectativas para (a reunião de) São Paulo são altas", disse John Kirton, diretor do Grupo de Pesquisa do G20 da Universidade de Toronto. "Mas a reunião de Washington veio tão rapidamente que mesmo que houvesse uma posição comum dos Brics, o que não é óbvio que há, eles não tiveram tempo para discutir e saber qual ela é."

Como anfitrião do encontro do G20, o Brasil enfrenta a pressão para aproveitar a oportunidade para impulsionar sua imagem de emergente potência mundial e alcançar um consenso entre os países participantes que possa ser levado a Washington.

O Brasil vem passando pela atual crise melhor do que em outros períodos de turbulência, mas as autoridades do país estão descontentes com o fato de os Estados Unidos não estarem fazendo mais para conter a crise, que vem afetando a economia brasileira.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que irá levar uma série de propostas ao encontro. A primeira será fortalecer o G20, para que ele tenha um papel mais ativo em instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

Ele também quer uma expansão do G8 para incluir países emergentes e pedirá às nações do G20 que aumentem seus gastos fiscais para estimular o crescimento.

"Nós temos que tomar cuidado e evitar que a saída (para a desaceleração provocada pela crise) seja de nacionalismo, de fechamento do país", disse Mantega em entrevista à Reuters.

DE OLHO NA CHINA

Embora o Brasil queira ganhar liderança, qualquer esforço coordenado para retomar a normalidade dos mercados dependerá da China, que tem extraordinárias reservas internacionais de 2 trilhões de dólares.

"Todos os olhares invevitavelmente estarão sobre a China", disse Kirton. "Ela tem todo o dinheiro do qual o mundo precisa. Se a China vai usar esse dinheiro para um resgate e como ela o usaria... é a principal questão pendente."

A China sempre adotou uma postura discreta em questões internacionais, preferindo focar-se em assuntos internos, mas alguns analistas dizem que dado o atual momento, o país pode não ter mais como evitar os pedidos para adotar uma maior responsabilidade.

Na reunião da Apec no Peru, o vice-ministro das Finanças da China, Li Yong, disse que seu país está pronto para juntar-se a outros países e ao FMI para ajudar a estabilizar os mercados financeiros, mas não deu mais detalhes de como faria isso.

A Índia, terceira maior economia da Ásia, deve juntar-se ao Brasil na campanha para dar aos emergentes maior voz no cenário mundial.

A Rússia é a incógnita entre os Brics. Como membro do G8 que está focado em retomar seu status como potência mundial, a Rússia tem poucos incentivos, segundo analistas, para apoiar os pedidos pela expansão do G8.

O presidente russo, Dmitry Medvedev, afirmou em discurso nesta semana que Moscou pedirá que o G20 busque mais poderes e capital para as instituições financeiras já existentes.

(Reportagem adicional de Isabel Versiani e Daniela Machado, em São Paulo, Alan Wheatley, em Pequim, Charlotte Cooper, em Mumbai, e Gleb Bryanski, em Moscou)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Lula espera que Obama tenha política mais ativa na A. Latina

BRASÍLIA (Reuters) - Em sua primeira manifestação após a vitória do democrata Barack Obama, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou esperar que os Estados Unidos adotem uma política "mais ativa" em relação à América Latina.

"Eu espero que (Obama) tenha uma política mais voltada para o desenvolvimento produtivo na América Latina", disse Lula a jornalistas após cerimônia em Brasília nesta quarta-feira

"Eu espero que ele tenha uma relação mais forte com a América Latina, com a América do Sul, com o Brasil, com a África. Eu não tenho dúvida nenhuma que da parte do Brasil nós vamos continuar construindo essa parceria produtiva que nós temos nos EUA. E eu espero que ela possa melhorar com o governo Obama", acrescentou.

O presidente Lula disse ainda que gostaria que Obama consiga alcançar um acordo de paz entre israelenses e palestinos no Oriente Médio, e pediu o fim dos subsídios que Washington dá aos produtores norte-americanos --questão central nas negociações sobre o comércio global-- assim como o término do embargo norte-americano a Cuba, imposto nos anos 1960 à ilha comunista.

"Não há mais nenhuma explicação para continuar o bloqueio a Cuba", defendeu Lula, depois de classificar como "feito extraordinário" a eleição do primeiro presidente negro da história dos EUA, na terça-feira.

"Quem duvidava que um negro poderia ser eleito presidente dos EUA agora sabe que pode. E só pode porque isso acontece num regime democrático que permite que a sociedade se manifeste", disse.

Dólar fecha em leve alta após leilões do BC

Por Jenifer Corrêa

SÃO PAULO (Reuters) - Apesar da forte desvalorização dos mercados acionários globais, o dólar fechou a quarta-feira com alta moderada frente ao real após novas atuações do Banco Central.

A moeda norte-americana subiu 0,33 por cento, para 2,118 reais.

"De uma maneira geral, acho que a gente chegou a um patamar de acomodação. Vai haver ainda mais alguns ajustes, mas aquelas subidas e descidas abruptas tendem a ficar um pouco menores daqui para frente", considerou Vanderlei Arruda, gerente de câmbio da corretora Souza Barros.

Arruda observou que, com a forte queda das bolsas de valores --o principal índice da Bovespa despencava quase 6 por cento no final da tarde--, a tendência seria que o dólar tivesse uma valorização maior frente ao real. Em Nova York, o Dow Jones perdia mais de 3 por cento.

O gerente de câmbio também avaliou que as atuações do BC no mercado contribuíram para segurar a alta do dólar nesta sessão.

Além do leilão de swap cambial tradicional em que foi vendido o equivalente a 476 milhões de dólares, o Banco Central, realizou um novo tipo de leilão destinado especificamente a impulsionar o financiamento às exportações.

O resultado dessa operação sai ainda nesta quarta-feira, segundo a assessoria de imprensa do BC.

Ainda nesta quarta-feira, relatório divulgado pela autoridade monetária apontou que o fluxo cambial ficou negativo em 4,639 bilhões de dólares em outubro, confirmando a maior saída líquida mensal desde janeiro de 1999. Para analistas, o dado já estava precificado pelo mercado.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Dólar acompanha movimento internacional e cai 2,6%

Por Fabio Gehrke

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em baixa nesta terça-feira, seguindo o movimento do cenário externo, em meio ao otimismo dos principais mercados no dia da eleição presidencial norte-americana e à contínua atuação do Banco Central domesticamente.

A moeda norte-americana caiu 2,63 por cento, a 2,111 reais.

O otimismo dos investidores contagiou as principais bolsas mundiais, no dia da eleição da maior economia global e com sinais de um maior descongelamento dos mercados de créditos.

No fechamento do mercado cambial, a Bovespa subia mais de 6 por cento, enquanto que em Wall Street os três principais índices apresentavam alta de cerca de 3 por cento.

"É fluxo de entrada, o mercado está bem positivo hoje, a crise parece que já pode ter passado do olho do furacão", afirmou Rodrigo Nassar, gerente da mesa financeira da Hencorp Commcor Corretora.

"E a perspectiva já é boa para essas eleições (presidenciais norte-americanas)", disse Nassar, apontando o candidato democrata, Barack Obama, que lidera as pesquisas, como o preferido dos mercados.

Luis Piason, gerente de operações de câmbio da corretora Concórdia, ressalta que a queda do dólar é global, não se restringindo somente frente ao real. Ante uma cesta com as principais moedas globais, a divisa declinava mais de 2 por cento, caminhando para a sua maior queda percentual diária em 13 anos.

"Hoje estamos bem atrelados ao mercado internacional, tanto de moedas como bolsas, além da alta das commodities", afirmou Piason. O índice Reuters-Jefferies de commodities avançava 4,41 por cento e o petróleo saltava quase 7 por cento.

O gerente ainda destaca que os problemas nos posicionamentos nos mercados futuros de câmbio estão se amenizando, o que transmite mais tranquilidade para os agentes.

"Tem saído nos balanços que as empresas têm perdido com a desvalorização cambial (do real frente ao dólar)... mas parece que o pior já passou".

Nesta terça-feira, a Aracruz, que assustou o mercado em setembro quando divulgou que teria forte perdas com contratos de derivativos, anunciou que chegou a acordo com bancos contrapartes em vários destes contratos e assim eliminou 97 por cento de sua exposição, sofrendo uma perda total de 2,13 bilhões de dólares.

"O pano de fundo continua igual... mas o cenário de curto prazo está bem mais positivo... obviamente que muita notícia negativa ainda vem por aí, mas o desespero, aparentemente, passou", completou Piason.

Durante a sessão, o Banco Central realizou um leilão de swap cambial, vendendo o equivalente a cerca de 600 milhões de dólares. Os contratos de swaps, que funcionam como um venda futura de dólares ao mercado, já colocados no mercado pelo BC desde a piora da crise financeira global superam os 23 bilhões de dólares.

(Edição de Vanessa Stelzer)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

ITAÚ e UNIBANCO criarão maior banco do Hemisfério Sul

Por Alberto Alerigi Jr.

SÃO PAULO (Reuters) - O Itaú e o Unibanco anunciaram nesta segunda-feira a união de suas operações criando o maior grupo financeiro privado do Hemisfério Sul.

A operação prevê que acionistas do Unibanco Holdings e do Unibanco migrarão para uma nova instituição chamada Itaú Unibanco Holding, que ultrapassará o Bradesco, atual maior banco privado do país em ativos.

A relação de troca prevista é de 1,7391 units do Unibanco para cada ação da nova instituição. Os bancos não informaram para quando prevêem a conclusão da operação, que estava sendo negociada há 15 meses.

Após a operação, a Itaúsa, holding do banco Itaú, deterá 66 por cento da IU Participações, empresa que terá o controle do Itaú Unibanco Holding. O restante será detido pelos controladores do Unibanco.

A nova instituição, segundo Unibanco e Itaú, será uma das 20 maiores do mundo e a maior do Brasil, com ativos totais de 575,1 bilhões de reais, dos quais 396,6 bilhões de reais do Itaú, de acordo com dados do final do terceiro trimestre do ano. O Bradesco tem ativos de 422,7 bilhões de reais.

A operação deve ser vista como mais um passo no movimento de consolidação do setor tanto em nível mundial como no Brasil, na avaliação de Luiz Miguel Santacreu, analista de instituições financeiras da agência de classificação Austin Rating.

"A compra do ABN pelo Santander e as negociações do Banco do Brasil para adquirir a Nossa Caixa podem ter funcionado como catalizador", disse Santacreu.

Após o anúncio, os papéis dos dois bancos dispararam no início dos negócios na Bovespa. Itaú saltava 15,5 por cento e Unibanco avançava 14 por cento.

COMPETIÇÃO GLOBAL

O patrimônio líquido do Itaú Unibanco Holding será de 51,7 bilhões de reais e a instituição combinada terá 265 bilhões de reais sob sua administração.

O novo banco nasce com 4.800 agências e postos de atendimento, o que representa cerca de 18 por cento da rede bancária do país, e 14,5 milhões de clientes de conta corrente, também 18 por cento do mercado. A instituição, em volume de crédito, representará 19 por cento do sistema bancário brasileiro; e em total de depósitos, fundos e carteiras administradas atingirá 21 por cento.

As operações de private bank do banco combinado serão as maiores da América Latina, segundo as instituições, com aproximadamente 90 bilhões de reais em ativos sob administração.

Segundo o comunicado, a nova instituição terá "plena capacidade de competir com os maiores bancos no mercado global".

Os bancos marcaram para final de novembro e início de dezembro assembléias para aprovação das incorporações.

O conselho de administração do Itaú Unibanco Holding terá 14 membros, dos quais seis serão indicados pela Itaúsa e pela família Moreira Salles. Os oito membros restantes serão independentes. O conselho será presidido por Pedro Moreira Salles, do Unibanco, e o presidente-executivo do grupo será Roberto Egydio Setubal, do Itaú.

"Com essa associação, o Itaú e o Unibanco reafirmam sua confiança no futuro do Brasil, neste momento de importantes desafios no ambiente econômico e no mercado financeiro mundial", disseram os bancos no comunicado

O Unibanco tem mais de 80 anos de história, tendo sua origem ligada a uma das mais importantes lojas de comércio de Poços de Caldas (MG) na época, fundada por João Moreira Salles.

(Por Alberto Alerigi Jr.; edição de Alexandre Caverni)