SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central espera uma desaceleração do crescimento em 2009, em meio à crise mundial, e vê a inflação abaixo do centro da meta em 2010, segundo o Relatório de Inflação do quarto trimestre, divulgado nesta segunda-feira.
A estimativa para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano passou para 5,6 por cento, contra 5 por cento há três meses. Para 2009, a projeção é de 3,2 por cento de avanço.
O BC ressaltou as incertezas sobre os impactos da crise no país, mas afirmou ver efeitos em vários setores e acrescentou que, novamente, a demanda interna será o motor do crescimento no ano que vem.
"O recrudescimento da crise financeira mundial também afeta negativamente, em magnitude e duração de difícil antecipação, os investimentos, via condições de financiamento e confiança dos empresários", disse o BC no documento.
Segundo o BC, investimentos mais dependentes de crédito podem ser adiados ou mesmo cancelados. Outro meio de propagação da crise nessa área é o câmbio, acrescentou o BC, notando que a depreciação do real aumentou os custos de bens de capital importados.
"Neste ambiente, em que a manutenção dos sólidos fundamentos macroeconômicos observados na economia brasileira não se constitui em condição suficiente para evitar que desdobramentos da severa crise mundial se propaguem internamente, ainda que amenize tal processo, as perspectivas referentes à evolução do nível da atividade no último trimestre de 2008 e em 2009 mostram-se menos favoráveis."
O BC ressaltou que as medidas adotadas pelo governo, principalmente para o aumento da oferta de crédito, darão suporte aos investimentos, mas que é "previsível alguma desaceleração nos próximos trimestres".
O prognóstico do BC para o PIB deste ano está exatamente em linha com a visão do mercado, segundo a pesquisa Focus mais recente, também divulgada nesta manhã. Mas para 2009 a autoridade monetária é bem otimista: analistas vêem uma expansão de apenas 2,4 por cento.
Em relação à inflação, o BC vê uma desaceleração contínua, mas aponta a taxa abaixo do centro da meta apenas em 2010.
A projeção para a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano passou para 6,2 por cento, ante a de 6,1 por cento divulgada no documento do terceiro trimestre.
Para 2009, o prognóstico para a alta do IPCA é de 4,7 por cento, contra o anterior de 4,8 por cento. Para o acumulado em 12 meses no último trimestre de 2010, o prognóstico é de 4,2 por cento.
(Reportagem de Vanessa Stelzer; Edição de Alexandre Caverni)
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