Por Lesley Wroughton
WASHINGTON (Reuters) - Os bancos e outras instituições financeiras ao redor do mundo terão que, eventualmente, amortizar dívidas tóxicas num valor de 4,1 trilhões de dólares, para que a estabilidade financeira global seja restaurada, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira.
Em seu relatório sobre estabilidade financeira global, o FMI disse que instituições norte-americanas estão quase na metade do caminho para suas deduções necessárias, enquanto a região do euro está mais atrás.
Esta foi a primeira vez que o relatório do FMI incluiu perdas em empréstimos da Europa e Japão, as quais equivalem a um total de 1,3 trilhão de dólares.
O documento apontou que os bancos precisam de amplas injeções de capital para o caso de perdas esperadas e para restaurar a confiança do investidor em um sistema financeiro fragilizado.
O bancos ao redor do mundo aumentaram o capital em até 900 bilhões de dólares, cerca da metade por meio de empréstimos de resgate do governo.
José Vinals, diretor do departamento de mercado capital e monetário do FMI, disse que uma contínua, decisiva e efetiva ação para limpar as folhas de balanço dos bancos é necessária para restaurar a confiança e o crescimento econômico.
"O processo de limpeza está andando, e as elevadas amortizações vão exigir que instituições financeiras mantenham mais capital", disse ele durante coletiva.
FMI VÊ PERDAS AUMENTANDO
O FMI disse que agora espera a deterioração em ativos de origem nortea-mericana em até 2,7 trilhões de dólares, substancialmente mais do que 2,2 trilhões de dólares previstos em janeiro. O acentuado aumento reflete perdas principalmente ente outubro e janeiro.
Há apenas um ano, o fundo estava sendo fortemente criticado por estimar perdas de apenas 1 trilhão em ativos de bancos.
"A sensibilidade mudou. O que parecia absurdo, agora parece relevante", disse o primeiro vice-diretor do FMI, John Lipsky.
O FMI estimou que os bancos ao redor do globo vão precisar amortizar cerca de 2,8 trilhões de dólares em empréstimos e fianças. Até agora, cerca de um terço desse volume foi amortizado.
De acordo com o fundo, os bancos norte-americanos deduziram cerca de 510 bilhões de dólares em ativos. Uma outra dedução de 550 bilhões de dólares é esperada nos próximos dois anos.
Na área do euro, as amortizações já totalizaram 154 bilhões de dólares, com outros 750 bilhões previstos para até 2010.
Desde o início da crise, a capitalização de bancos globais caiu mais da metade, para 1,6 trilhões de dólares.
O FMI estimou que bancos poderiam precisar de um capital adicional entre 275 bilhões de dólares e 500 bilhões de dólares nos Estados Unidos, entre 125 bilhões e 250 bilhões de dólares na Grã Bretanha, e cerca de 375 bilhões de dólares a 725 bilhões de dólares na zona do euro.
(Reportagem Adicional de Emily Kaiser)
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