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quinta-feira, 2 de abril de 2009

G20 define US$1,1 tri para combater crise

Por David Ljunggren and Lesley Wroughton

LONDRES (Reuters) - Os líderes mundiais chegaram a um acordo de 1,1 trilhão de dólares para combater a pior crise mundial desde a Grande Depressão e apertaram as regras para evitar uma repetição desse episódio.

Após uma cúpula em Londres, o G20 --que reúne as principais economias industrializadas e emergentes do mundo-- concordou em publicar uma lista negra de paraísos fiscais que pode resultar em sanções. O grupo também decidiu pela primeira vez impor supervisão sobre grandes hedge funds e agências de classificação de risco.

"Os acordos de hoje começam a conter os 'cowboys' dos mercados financeiros que levaram os mercados globais à ruína, com impactos reais sobre o emprego em todos os lugares", disse o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd.

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anfitrião do encontro, declarou que "este é o dia em que o mundo se juntou para lutar contra a recessão global. Não com palavras, mas com um plano para a recuperação global e para reformas e com um claro cronograma".

Brown acrescentou que os governos se comprometeram com 5 trilhões de dólares em estímulos públicos à economia neste ano e no próximo, além dos compromissos extras anunciados na cúpula.

Apesar do ânimo dos mercados, analistas alertaram contra uma euforia.

"O financiamento para o FMI é mais do que se esperava e, à medida que isso significa que há mais dinheiro para ajudar as economias com problemas, isso é positivo. Mas os focos de problemas, particularmente na Europa Oriental, ainda estão aí e isso não os fará desaparecer de uma hora para outra", afirmou Nigel Rendall, estrategista de mercados emergentes do Royal Bank of Canada.

Brown reconheceu não haver remédios rápidos, mas afirmou que as decisões da cúpula irão encurtar a recessão e poupar empregos.

O G20 afirmou em comunicado que as medidas tomadas aumentarão a produção mundial em 4 por cento até o fim do próximo ano.

EUROPA E EUA SATISFEITOS

O presidente norte-americano, Barack Obama, minimizou as diferenças na cúpula e disse que o encontro foi "um ponto de virada" para a economia mundial.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que os resultados da reunião ficaram além de suas expectativas e que o mundo começa a caminhar para longe do modelo financeiro "anglo-saxão".

O ministro das Finanças da Alemanha, Peer Steinbrueck, recebeu bem o fato de que nenhuma obrigação foi criada para os países para que adotem mais pacotes de estímulo. Essa questão criou tensão antes da cúpula, com Washington favorecendo tal pacote e Paris e Berlim preferindo deixar que as medidas já tomadas façam efeito nas economias.

Brown acrescentou que serão disponibilizados 1,1 trilhão de dólares para ajudar a economia por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de outras instituições.

Isso inclui 250 bilhões de dólares em unidades de reserva do FMI chamadas Direito Especial de Saque. "Isso está disponível para todos os membros do FMI", disse ele.

O FMI também terá seus recursos triplicados, com até 500 bilhões de dólares em novos fundos, dos quais 40 bilhões de dólares virão da China.

O G20 pediu ao FMI que acelere as vendas de ouro para levantar dinheiro e ajudar os países mais pobres.

O grupo também concordou com um pacote de financiamento do comércio mundial de 250 bilhões de dólares nos próximos dois anos.

Atendendo a uma demanda da França e da Alemanha, Brown disse que o G20 concordou "que haverá fim dos paraísos fiscais que não transfiram informações quando solicitadas. O sigilo bancário do passado precisa ter um fim".

"Desde Bretton Woods, o mundo vem vivendo um modelo financeiro, o modelo anglo-saxão. Não é meu trabalho criticá-lo, ele tem suas vantagens, mas hoje claramente uma página foi virada", disse Sarkozy, referindo-se à conferência que criou o modelo econômico do pós-guerra.

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