Por Fernando Exman e Renato Andrade
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - O superávit comercial do país sofreu queda acentuada em 2008, reflexo do avanço recorde das importações e de um desempenho aquém do esperado das exportações.
A balança comercial encerrou 2008 com saldo positivo de 24,735 bilhões de dólares, o menor desde 2002 e com recuo de 38,2 por cento em relação aos 40,032 bilhões de dólares apurados no ano anterior, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio nesta sexta-feira.
As exportações somaram 197,942 bilhões de dólares, cerca de 2 por cento abaixo da meta de 202 bilhões de dólares divulgada pelo governo em setembro. As importações totalizaram 173,207 bilhões de dólares. Nos dois casos, as cifras foram recorde.
O secretário de Comércio Exterior do ministério, Welber Barral, evitou fixar uma meta de exportações para 2009 devido às oscilações nos preços das commodities, mas afirmou que o objetivo do país é manter a quantidade embarcada em 2008 e 2007, de aproximadamente 460 milhões de toneladas.
"O ano de 2009 vai ser um ano difícil", disse Barral a jornalistas, sublinhando que espera uma recuperação no segundo semestre.
"Será um ano em que o exportador vai ter que ter imaginação para diversificar mercados e diferenciar produtos, e o governo vai ter que aumentar a competitividade dos exportadores."
Para o secretário, o governo terá de reduzir a carga tributária dos setores exportadores e os custos de logística, além de manter a oferta de crédito.
DESACELERAÇÃO EM 2009
Barral disse que, de uma maneira geral, 2008 foi positivo, excluindo os dois últimos meses, quando a crise financeira global prejudicou o comércio exterior do país.
"O ano de 2008 foi muito bom para os exportadores brasileiros, mas novembro e dezembro foram meses trágicos para o mundo", disse.
Segundo o secretário, o Brasil sofreu menos do que outros países porque conseguiu diversificar suas exportações e os preços das commodities, apesar de terem caído em relação ao pico verificado em meados do ano, ainda permaneceram acima das cotações de 2007. Além disso, a alta do dólar beneficiou os setores exportadores.
Somente em dezembro, as exportações somaram 13,818 bilhões de dólares, enquanto as importações totalizaram 11,517 bilhões de dólares, garantindo assim superávit de 2,301 bilhões de dólares. Na última semana do ano, a balança teve saldo positivo de 592 milhões de dólares.
O superávit comercial de 2008 ficou um pouco acima das estimativas de analistas consultados pelo Banco Central, que projetavam saldo positivo de 24 bilhões de dólares, de acordo com pesquisa divulgada na segunda-feira.
O resultado também ficou acima da projeção do próprio BC, que esperava saldo positivo de 23,5 bilhões de dólares em 2008.
O cenário traçado pelo BC para a balança em 2009 aponta mais uma forte desaceleração do saldo comercial. A previsão é de que a balança comercial feche este ano com superávit de 14 bilhões de dólares.
Para os analistas consultados pelo BC, o superávit comercial de 2009 será de 15 bilhões de dólares.
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