Por Aluísio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O avanço dos preços de commodities metálicas alçou a Bolsa de Valores de São Paulo para a segunda sessão seguida de forte alta, na contramão dos mercados de Wall Street.
Mesmo perdendo fôlego no final do dia, o Ibovespa fechou com valorização de 3,17 por cento, atingindo 41.518 pontos, o maior nível desde 14 de outubro.
Nas duas primeiras sessões de 2009, o indicador acumula ganho de 10,6 por cento.
Diferentemente do primeiro pregão do ano, quando o índice disparou 7,17 por cento num dia de poucos negócios, nesta segunda-feira o volume financeiro foi de 4,25 bilhões de reais --acima da média diária dos últimos dois meses.
De acordo com profissionais do mercado, o mote principal para a alta foi o anúncio de que o governo chinês vai eliminar taxas de importação sobre algumas commodities metálicas, como cobre, níquel e alumínio, a partir de 1o de fevereiro, para estimular a re-exportação.
"A notícia impactou as ações de empresas do setor", disse Newton Rosa, economista-chefe da SulAmerica Investimentos.
Entre as que refletiram a notícia mais intensamente, Companhia Siderúrgica Nacional disparou 8,9 por cento, para 34,55 reais. Pouco atrás, Usiminas ganhou 6,6 por cento, negociada a 30,60 reais, seguida por Vale, com um salto de 6,9 por cento, a 28 reais.
Com a força das ações ligadas a matérias-primas, o setor mais importante do Ibovespa, a influência negativa de Wall Street, num dia em que grandes montadoras de veículos anunciaram queda ao redor de 30 por cento nas vendas de dezembro, ficou em segundo plano.
A nota negativa do dia foi Pão de Açúcar, que divulgou um crescimento de 9,3 por cento das vendas brutas de dezembro em relação ao mesmo mês de 2007. O resultado agradou analistas, mas não o mercado.
Enxergando a estratégia agressiva de promoções como sinal de queda nas margens de lucro, os investidores venderam as ações da empresa, que caíram 4,1 por cento, a 31,37 reais.
FOGO DE PALHA?
Para o Merrill Lynch, a recente disparada do mercado de ações pode ter duas explicações.
A primeira é que tudo o que de pior pode acontecer em função da crise já está nos preços das ações.
A outra é que, à medida que os dados vão mostrando um cenário cada vez mais aterrador dos estragos da crise, o investidor avalia que o governo do presidente-eleito dos EUA, Barack Obama, terá que tomar medidas fiscais ainda mais profundas para tentar reanimar a economia.
"Ficamos imaginando qual será a reação do mercado quando descobrir que a recuperação vai tomar bastante tempo", considerou o Merrill Lynch em relatório.
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