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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Dólar fecha em alta por juro nos EUA e mercados voláteis

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu ante o real nesta segunda-feira, refletindo um cenário externo mais cauteloso, com investidores embolsando lucros e atentos a uma eventual mudança na taxa de juros dos Estados Unidos.

A moeda norte-americana teve alta de 0,41 por cento, cotada a 1,966 real para venda. Na máxima do dia, o dólar chegou a subir 1,23 por cento, mas diminuiu o avanço no decorrer da sessão em meio à melhora externa.

"O que está acontecendo é que tem se falado em uma alta na taxa de juros dos Estados Unidos. Isso faz com que a procura por títulos norte-americanos volte", avaliou Paulo Shiguemi Fujisaki, analista de mercado da Corretora Socopa.

Na sexta-feira, um relatório sobre o mercado de trabalho norte-americano mostrou que menos postos de trabalho foram fechados em maio, o que estimulou as especulações sobre um corte da taxa de juros no ano que vem.

O movimento de alta da moeda norte-americana perdeu força no período da tarde com a entrada de recursos de empresas exportadoras no mercado à vista, segundo operadores.

A balança comercial brasileira registrou superávit de 1,208 bilhão de dólares na primeira semana de junho, maior saldo desde a segunda semana de setembro de 2008, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Khan, afirmou nesta segunda-feira que a instituição prevê a recuperação da economia global na primeira metade de 2010, com o ponto de virada devendo acontecer em setembro ou outubro.

Mas Luis Piason, gerente de operações de câmbio da corretora Concórdia, ponderou que os mercados já anteciparam em boa parte essa recuperação da economia.

"Grande parte do mercado já precificou esse movimento, havendo um certo exagero na baixa do dólar nas últimas semanas", disse.

Fujisaki, da Socopa, explicou que uma elevação no juro básico dos EUA pode impulsionar os rendimentos dos Treasuries, o que teoricamente reforça a atratividade desses papéis.

Espelhando a possibilidade da volta a esses títulos, o dólar ganhava terreno em nível mundial.

EURO EM QUEDA

Ante uma cesta com as principais divisas globais, a moeda ganhava 0,3 por cento no momento em que o mercado doméstico de câmbio encerrou as operações. Mais cedo, essa alta chegou a ser de 1 por cento.

Um dos destaques de desvalorização era o euro, que se aproximou da mínima em duas semanas. A queda da moeda ocorria em consequência do rebaixamento do rating da Irlanda.

No front acionário norte-americano, na maior parte do dia, os investidores mostraram-se ressabiados com o alerta do McDonald's a respeito de uma queda nos lucros do segundo trimestre, principalmente por conta das oscilações do dólar.

Também causou preocupação uma eventual alta na taxa de juros, o que poderia retardar a recuperação da economia como um todo. Perto do fechamento, no entanto, Wall Street ensaiava uma recuperação, o que contagiava a bolsa paulista.

Fujisaki, no entanto, considerou que a alta do dólar nesta sessão não necessariamente aponta uma tendência de alta. Segundo ele, caso os ingressos de recursos no mercado doméstico se mantenham, a curva do dólar permanecerá descendente.

Na BMF Bovespa, de acordo com os números mais recentes, o volume de dólar negociado no segmento à vista girava em torno de 1,1 bilhão de dólares.

(Reportagem de Silvia Rosa e José de Castro)

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