ISABEL VERSIANI - REUTERS /BRASÍLIA - A participação da dívida cambial do governo sobre sua dívida mobiliária interna total voltou a ser positiva em outubro após quase três anos, refletindo a estratégia do Banco Central de prover liquidez cambial ao mercado em meio à crise financeira global.
Dados divulgados nesta segunda-feira pelo Tesouro Nacional mostram que no mês passado a participação da dívida cambial sobre a dívida interna total, incluindo os contratos de swap, ficou em 1,32 por cento, frente a uma participação negativa de 2,35 por cento em setembro.
Foi a primeira vez desde dezembro de 2005 que o passivo cambial do governo no mercado interno superou seus ativos e a reversão reflete os contratos de swap tradicionais ofertados pelo governo ao longo das últimas semanas, os quais correspondem a uma venda futura de dólares ao mercado.
O coordenador-geral da Dívida no Tesouro, Guilherme Pedras, afirmou que, apesar dessa reversão na dívida interna, o país segue sendo credor externo em dólar.
"Temos reservas em dólar em volume elevado", afirmou Pedras a jornalistas.
Em outubro, mês marcado por forte volatilidade nos mercados globais, a dívida mobiliária federal interna cresceu 0,13 por cento e alcançou o valor de 1,226 trilhão de reais.
A variação refletiu um resgate líquido de 13 bilhões de reais em títulos e a apropriação de juros de 14,5 bilhões de reais.
No período, o Tesouro Nacional cancelou três leilões de títulos, reduziu o volume de papéis ofertados ao mercado e promoveu quatro leilões de compra e venda do papel prefixado NTN-F, operação que visava unicamente dar referência de preços aos investidores.
A parcela dos títulos prefixados --considerados melhores para o gerenciamento da dívida-- caiu para 31,5 por cento em outubro, ante 32,42 por cento em setembro.
Os papéis atrelados à Selic caíram para 35,93 por cento em outubro, ante 39 por cento no mês anterior, incluindo os contratos de swap. No mesmo período, a participação dos títulos corrigidos por índices de preços passou de 29,45 por cento para 29,75 por cento.
O Tesouro informou, ainda, que recomprou o equivalente a 448,2 milhões de reais em setembro e outubro em títulos da dívida externa.
Segundo Pedras, o Tesouro aproveitou o fato de os preços dos papéis terem caído em meio à crise para elevar suas recompras, que no bimestre anterior haviam somado 300,9 milhões de reais.
No acumulado do ano, as recompras somam até o momento um total de 1,9 bilhão de reais.
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