BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou na terça-feira qualquer reforma ministerial em seu governo até 2010 e enviou um recado ao PMDB dizendo que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, é cota sua.
Após almoço no Itamaraty com o presidente da Indonésia, Lula afirmou que só fará mudança no governo se algum ministro quiser se candidatar em 2010.
O PMDB vinha manifestando nos bastidores interesse em assumir mais ministérios --a pasta da Justiça chegou a ser ventilada--, e também estava em rota de colisão com o ministro da Saúde.
Semana passada, Temporão acusou a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), cujo presidente foi indicado pela bancada do PMDB na Câmara, de envolvimento em corrupção, o que gerou revolta no partido. Alguns deputados chegaram a considerar a idéia de propor a troca de Temporão por outro nome do PMDB.
"O Temporão é meu ministro, ele fica", disse Lula sobre o titular da Saúde.
Na Câmara, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, garantiu que os problemas entre Temporão e o PMDB foram solucionados. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse que a bancada desistiu de fazer nota de repúdio às declarações de Temporão.
"Todo mundo se entendeu e isso é bom", disse Múcio a jornalistas. "(O caso da) Funasa também está resolvido e tudo permanece como está", acrescentou o ministro.
Lula descartou problemas com o PMDB, o principal aliado na base de apoio do governo, e disse que deseja uma reunião com lideranças do partido para que tudo fique claro.
Além do conflito com Temporão e supostas pretensões ministeriais, o PMDB também deseja a presidência das duas casas do Congresso, o que contraria o presidente, que gostaria de ver Tião Viana (PT-AC) na presidência do Senado.
Lula evitou polemizar o assunto, atribuindo a competência ao Congresso.
"Eu não posso dar palpite num problema que é do Congresso Nacional", disse ele.
(Reportagem de Raymond Colitt)
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