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domingo, 16 de novembro de 2008

Líderes mundiais concordam em agir com rapidez contra recessão

Por David Lawder e Emmanuel Jarry

WASHINGTON (Reuters) - Líderes mundiais apoiaram no sábado um plano de ação rápido para combater a crise econômica global, concordando na necessidade de medidas para impulsionar o crescimento, melhorar as regras do mercado financeiro e dar mais voz aos países emergentes.

"Estamos determinados em melhorar nossa cooperação e trabalhar juntos para restabelecer o crescimento global e realizar as reformas necessárias nos sistemas financeiros mundiais", disseram os líderes de mais de 20 países industrializados e em desenvolvimento após uma cúpula.

Planos de gastos governamentais para impulsionar o crescimento são necessários com "efeito rápido", mas eles não se comprometeram com um impulso coordenado, e as diferenças sobre como regular o setor financeiro ficaram aparentes, principalmente em áreas como hedge funds.

Em um momento histórico, eles concordaram que os países emergentes têm que ter mais voz na tomada de decisões sobre a economia global. Serão estudadas maneiras de dar mais poder a esses países no Fundo Monetário Internacional.

Presidentes e primeiros-ministros das potências do Século 20 se juntaram pela primeira vez num encontro do G20 aos novos peso pesados da economia mundial, como China e Arábia Saudita. Eles se reuniram em um museu de Washington em volta de um grande mapa-mundi, e buscaram enfatizar o caráter global do plano.

O presidente norte-americano, George W. Bush, comemorou o encontro como um sucesso e disse que os líderes concordaram na adoção de políticas pró-crescimento.

"Faz sentido que saiamos daqui com um firme plano de ação, o que nós temos, e também faz sentido dizer às pessoas que há mais trabalho para ser feito e que haverá mais encontros", disse.

Os sinais de desaceleração econômica têm se acumulado em várias regiões do mundo, com a zona do euro entrando em recessão, como apontaram dados divulgados nesta semana, desemprego aumentando nos Estados Unidos e em outros países e as economias emergentes se desacelerando.

Enquanto a cúpula começava, o Fundo Monetário Internacional acertava um empréstimo de pelo menos 7,6 bilhões de dólares como parte de um plano maior para o Paquistão, onde as reservas internacionais despencaram e o risco de inadimplência dos créditos do país aumentaram.

Em outro sinal do alcance da crise, a Índia tomou no sábado a mais recente de uma série de medidas para melhorar a liquidez nos mercados monetários e ajudar os exportadores.

O G20, grupo de países avançados e em desenvolvimento, também concordou no sábado de que não deve haver aumento no protecionismo diante da desaceleração econômica.

Bush e vários outros líderes disseram que eles devem ter como objetivo o fim do impasse na Rodada de Doha de negociações sobre o comércio mundial, para se chegar a um acordo global antes do fim do ano.

NECESSIDADE DE RESPOSTA AMPLA

A apenas dois meses do fim do mandato de Bush e com presidente eleito dos EUA, Barack Obama, preferindo se manter distante da cúpula, as conversas sobre o lançamento de uma reforma ampla das finanças globais foram amenizadas.

No comunicado após o encontro, os líderes disseram que a piora na economia significa que "uma resposta de política mais ampla é necessária, baseada em cooperação macroeconômica mais próxima", e eles apoiaram medidas fiscais para impulsionar o crescimento sem colocar em risco a disciplina orçamentária.

Eles também enfatizaram a importância da política monetária "como considerada apropriada para as condições domésticas".

Bancos centrais ao redor do mundo reduziram as taxas de juros conjuntamente em uma medida sem precedentes em outubro, no momento em que os mercados financeiros entravam em pânico por conta da possibilidade de recessão, mas com as taxas nos EUA já próximas de zero, o espaço para mais cortes coordenados é limitado.

Os líderes prometeram "tomar qualquer medida que seja necessária para estabilizar o sistema financeiro".

Muitos líderes vieram para Washington para enfatizar a importância de mais regulações para combater os excessos no setor financeiro.

"Prometemos... garantir que todos os mercados financeiros, produtos e participantes sejam regulados ou sujeitos à supervisão", afirma o comunicado do encontro.

Mas um plano de ação, também objetivo de acordo entre os líderes, colocaram, aparentemente, os hedge funds e as private equities como exceção aos rígidos novos controles, alegando que eles "devem trazer propostas para uma série de melhores práticas unificadas" a serem revisadas pelos ministros das Finanças.

Os líderes devem se reunir novamente antes do fim do abril e eles deram uma série de tarefas aos ministros das Finanças como revisar padrões contábeis, colégios de supervisores para grandes bancos globais e padrões para agências de rating.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que a próxima reunião deve acontecer provavelmente em Londres, já que a Grã-Bretanha assume a Presidência do G20 no ano que vem.

Isso deve acontecer no momento em que o mundo poderá ver se Obama terá uma abordagem diferente de Bush sobre como combater a crise financeira, assim como outras questões, como a mudança climática e o comércio internacional.

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