SAN SALVADOR (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira, na capital salvadorenha, que a atual crise financeira global é sistêmica e não será resolvida sem a participação dos países em desenvolvimento.
Em seu discurso na sessão plenária de chefes de Estado e de governo da 18a Cúpula Ibero-Americana, em El Salvador, Lula destacou que os atuais mecanismos internacionais foram incapazes de prever a crise e também não estão conseguindo resolver as suas consequências.
"É preciso refundar os mecanismos de governança global, com maior participação dos países em desenvolvimento. É diante das crises que a nossa capacidade de inovar é posta à prova", defendeu Lula em discurso.
Lula acrescentou que os países emergentes não podem ser excluídos dos processos decisórios, pois muitas vezes são os mais atingidos.
"É também necessário repensar os organismos financeiros internacionais, conferindo-lhes a indispensável capacidade regulatória", propôs, dizendo que todos os países são vítimas dos que "especulam com esperanças e vendem ilusões".
O presidente mencionou a reunião extraordinária do Mercosul sobre a crise, na última segunda-feira, em Brasília, e insistiu na tese de que a resposta mais correta às turbulências é maior integração e menos subsídios.
"Por isso continuamos a apostar na conclusão rápida e exitosa da Rodada de Doha", disse Lula. "Interna como internacionalmente, precisamos encontrar respostas que estimulem a economia real e promovam o crescimento."
PAC MANTIDO
"Não podemos permitir que esta crise econômica, fabricada por especuladores que transformaram a economia e o sistema financeiro em um cassino, venha a proibir que um país faça os investimentos que tem que fazer", disse.
Lula chegou na noite de quarta-feira a San Salvador para o encontro do qual participam outros líderes de países da América Latina, como os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e do México, Felipe Calderón.
Lula segue nesta quinta-feira para Cuba, onde discute acordos de energia com o presidente Raúl Castro. Ele deve visitar Fidel Castro, que não é visto em público desde julho de 2006, pouco antes de deixar o poder por problemas de saúde.
(Reportagem de Armando Tovar)