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sábado, 21 de fevereiro de 2009

Crise supera direitos humanos em visita de Hillary à China


Por Arshad Mohammed e Benjamin Kang Lim

PEQUIM (Reuters) - A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou neste sábado que os Estados Unidos e a China podem ajudar a tirar o mundo da crise econômica trabalhando juntos, e deixou claro que isso tem precedência em relação às preocupações dos EUA sobre os direitos humanos em território chinês.

Fazendo sua primeira visita ao país como secretária de Estado, Hillary usou um discurso mais tênue sobre as liberdades políticas e religiosas da China do que as palavras usadas em um outro discurso em Pequim, em 1995, no qual ela criticou abertamente o histórico de direitos humanos do governo chinês.

Falando em uma coletiva de imprensa com o ministro das Relações Exteriores da China, Yang Jiechi, Hillary afirmou que ambos tiveram "discussões francas sobre assuntos onde havia discordâncias, incluindo direitos humanos, o Tibet, liberdade religiosa e liberdade de expressão".

Entretanto, ela sugeriu que os esforços conjuntos para combater a crise financeira global, frear as mudanças climáticas e lidar com desafios de segurança, como o programa de armas nucleares da Coreia do Norte, foram as prioridades da conversa.

"Os eventos mundiais nos deram uma agenda cheia e formidável", afirmou, dizendo que as conversas entre ela e Yang "partiram de uma simples premissa: é essencial que Estados Unidos e China tenham um relacionamento positivo e cooperativo".

Fazendo a sua última parada em uma viagem de uma semana à Ásia, e que também teve passagens por Tóquio, Jacarta e Seul, Hillary mostrou quão entrelaçadas são as economias norte-americana e chinesa.

Os Estados Unidos são um dos maiores compradores de produtos exportados da China, enquanto o país asiático, com reservas externas de cerca de 2 trilhões de dólares, é o maior detentor de títulos de dívida do governo norte-americano.

"Eu aprecio grandemente a contínua confiança do governo chinês no Tesouro dos Estados Unidos. Acho que essa é uma confiança bem-fundamentada", disse Hillary. "Temos todas as razões para acreditar que os Estados Unidos e a China vão se recuperar e que, juntos, ajudaremos a conduzir a recuperação mundial."

Perguntado se a China pode algum dia repensar suas compras de títulos do Tesouro dos EUA, Yang não deu muitos indícios sobre o assunto, dizendo apenas que a nação toma decisões sobre como investir suas reservas para assegurar sua segurança, valor e liquidez.

Tecendo uma diferença marcante de seu discurso em 1995, Hillary afirmou na sexta-feira que Washington pressionará a China sobre os direitos humanos, mas disse que isso não irá "interferir" no trabalho conjunto sobre a crise mundial, as mudanças climáticas e a segurança.

Grupos defensores dos direitos humanos dizem que a posição de Hillary minou a pressão dos EUA sobre os problemas chineses nessa área.

"As palavras da secretária Clinton apontam para uma estratégia diplomática que caiu bem para o governo chinês --segregando assuntos de direitos humanos em um diálogo sem fim de surdos", afirmou em comunicado Sophie Richardson, diretora do Humans Rights Watch na Ásia.

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