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domingo, 21 de setembro de 2008

Tesouro dos EUA pede urgência em aprovação de plano de resgate

Pacote de US$ 700 bilhões foi enviado no sábado ao Congresso.
Fundo vai resgatar créditos podres do mercado imobiliário.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, afirmou neste domingo (21) que os mercados de crédito do país estão muito frágeis e ainda congelados e disse que o Congresso americano precisa aprovar rapidamente um pacote de ajuda de US$ 700 bilhões para as companhias do setor financeiro.

Em entrevista à rede de televisão "ABC", Paulson disse que o sistema desatualizado de regulamentação do país para os mercados financeiros precisa ser reformulado, mas o primeiro trabalho que o Congresso tem a fazer é aprovar, nos próximos dias, o mais amplo pacote de resgate desde a Grande Depressão. "Precisamos enfrentar isso, e rápido", disse ele.

Segundo Paulson, bancos estrangeiros que possuem ativos financeiros considerados ruins poderão se beneficiar do plano elaborado contra a crise. A explicação dada por ele foi que, "se uma instituição financeira tem operações nos Estados Unidos, contrata pessoas nos Estados Unidos, se eles estão embaraçados com a falta de liquidez dos ativos, eles sofrem o mesmo impacto do povo americano, como qualquer outra instituição".

O secretário também afirmou que disposto a ouvir os pedidos dos congressistas democratas para que os proprietários de imóveis com dívidas de hipoteca sejam incluídos no plano. "O programa deve ter um componente de alívio no que se refere às hipotecas".

Paulson disse ainda que o plano foi elaborado para minimizar custos para os contribuintes americanos e que eles podem enfrentar riscos maiores se o governo não fizer nada. "Esse plano não somente lida com as instituições à beira da falência, como também protege o sistema ao evitar o máximo de falências possível", disse Paulson.

Pacote de US$ 700 bilhões

Segundo a proposta legislativa, o plano de ajuda ao setor financeiro custará US$ 700 bilhões. A proposta também pede para que o limite de dívida do país suba para US$ 11,315 trilhões. O projeto pode ser considerado pela Câmara dos Representantes e pelo Senado do país já na próxima semana.

"O pacote é grande porque o problema é grande", afirmou o presidente norte-americano George W. Bush neste sábado. "Vou trabalhar com democratas e republicanos para retirar nossa economia desta situação difícil e trazê-la de volta ao caminho de um crescimento de longo prazo", acrescentou.

Por favor, copiem

Paulson afirmou que pedirá a países estrangeiros que imitem o plano dos Estados Unidos. "Vou pedir a nossos colegas de todo o mundo que concebam programas similares para seus bancos e entidades (financeiras) quando for oportuno. Lembrem que vivemos em um sistema mundial", enfatizou.

Pacote

Ainda sem detalhes, o pacote foi anunciado na manhã de sexta-feira pelo secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, que afirmou então que o plano ficaria na casa das "centenas de bilhões de dólares".

O fundo que será criado será responsável por adquirir os créditos podres do mercado imobiliário – os empréstimos de alto risco que não vêm sendo pagos pelos mutuários. Segundo Paulson, há cerca de 5 milhões de americanos com problemas para pagar o financiamento ou que já tiveram os imóveis retomados pelos bancos.

Também na sexta-feira, Bush advertiu que "este é um momento-chave para a economia americana". "Vivemos um desafio sem precedentes e estamos tomando medidas sem precedentes", afirmou, em seu segundo pronunciamento sobre a crise dos mercados em dois dias. "A intervenção do governo federal é essencial."

O secretário do Tesouro vai trabalhar neste fim de semana com o Congresso "para examinar medidas que possam amenizar a pressão dos empréstimos ruins de nosso sistema, para que o crédito possa fluir novamente em direção aos consumidores e às empresas americanas".


Ajudas

Na noite de quinta-feira (18), o Tesouro e o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) já haviam anunciado que estudavam a criação do plano. A notícia provocou um rali nos mercados financeiros, que dispararam em todo o mundo.

Na véspera, os mercados já haviam mostrado reação positiva à injeção de US$ 180 bilhões na economia coordenada pelo Fed em conjunto com outros cinco bancos centrais do mundo.

Também na quinta, como parte das ações para controlar as turbulências do mercado, o Securities and Exchange Commission (SEC, órgão regulador do mercado norte-americano) proibiu a venda a descoberto dos ativos de 799 instituições financeiras. A ação visa, na prática, que os investidores estão proibidos de apostar nas baixas das companhias.

Mais cedo, o Tesouro anunciou a criação de um programa temporário de US$ 50 bilhões para dar sustentação ao setor de fundos mútuos de mercados monetários (dívida de curto prazo), respondendo às preocupações que a crise financeira global possam afetar estes ativos historicamente seguros.

Pelo programa, o Tesouro irá dar garantia aos ativos de qualquer fundo de mercados monetários oferecido publicamente.

Com informações da Agência Estado, France Presse, AP e Reuters

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