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sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Luz no fim do túnel leva Bovespa a maior alta desde 1999

SÃO PAULO (Reuters) - O aceno do governo dos Estados Unidos para tentar conter a crise financeira do país catapultou a Bolsa de Valores de São Paulo para a maior alta diária em quase uma década.

O Ibovespa fechou o dia nos 53.055 pontos depois de uma disparada de 9,57 por cento, alta só inferior à de 33 por cento de 15 de janeiro de 1999, época da máxi-desvalorização do real frente ao dólar.

O giro financeiro somou 7,66 bilhões de reais, o maior desde o final de julho.

Com a variação desta sexta-feira, o índice acumulou alta de 1,2 por cento numa semana aberta sob o sgino do pânico, com o colapso do Lehman Brothers e ao socorro à seguradora AIG, e que terminou com uma euforia nunca vista nos últimos cinco anos de valorização consecutiva do mercado.

Para especialistas, a impressionante reação dos investidores ao plano apresentado pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, foi o primeiro sinal consistente de confiança do mercado de que a quebradeira de gigantes financeiros do país pode estar perto do fim.

"O eixo do plano (criar um fundo para absorver os títulos podres das instituições atingidas pela crise imobiliária) vai contra a cartilha da economia liberal, mas não tinha outra alternativa. Uma não intervenção estatal provavelmente levaria a economia para uma depressão", disse Mariana Costa, economista-chefe da Link Corretora.

Enxergado como uma luz no final do túnel, o anúncio reabriu o apetite dos investidores, que descarregaram uma avalanche de ordens de compra de papéis que haviam sido severamente castigados nas últimas sessões.

Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones subiu 3,35 por cento, enquanto o S&P 500 cresceu 4 por cento, ambos puxados por escaladas das ações de bancos.

O mesmo otimismo contaminou a Bovespa, que subiu forte carregada pelos papéis de empresas financeiras e das ligadas a matérias-primas. Dentre as fabricantes de aço, Usiminas puxou a fila, com uma disparada de 18,1 por cento, a 47 rais.

BM&F Bovespa, depois de cair quase 37 por cento apenas em setembro, deu um salto de 15,9 por cento, a 9,10 reais. Beneficiada pela combinação de disparada no mercado de ações e pela maior queda do dólar frente ao real desde 2002, Cesp foi a estrela do índice, subindo impressionantes 21,8 por cento, a 18,02 reais.

Comparativamente, as blue chips tiveram um desempenho mais modesto que o conjunto do mercado. Petrobras subiu 8,6 por cento, a 34,98 reais, enquanto Vale galgou 6,5 por cento, cotada a 36,84 reais.

Para a economista da Link, a despeito do ânimo criado com o plano, que será apresentado neste final de semana ao Congresso norte-americano, o horizonte de curto prazo dos mercados ainda está sujeito a chuvas e trovoadas, devido aos desdobramentos da crise sobre a economia.

"Vai haver uma desaceleração forte, movimento que só deve ser revertido em meados de 2010, por causa da demora para serem restabelecidos os canais de crédito", disse.

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