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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Lula tem aprovação recorde e é maior cabo eleitoral do país--CNT

BRASÍLIA (Reuters) - A popularidade recorde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o coloca na condição de maior puxador de votos do país, apontou pesquisa do Instituto Sensus nesta segunda-feira.

A sondagem, encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), não só mostra que o eleitor leva a opinião do presidente em consideração como também aponta os programas sociais como principal elemento para essa transferência.

"Ele é o maior cabo eleitoral (do Brasil). Tem força enorme de transferência, mas o candidato tem de ser palatável", avaliou Ricardo Guedes, responsável pela pesquisa.

Sem precisar qual eleição, 75,3 por cento dos entrevistados votariam nos candidatos do governo para manter programas como o bolsa família.

Apesar disso, em simulações eleitorais para 2010 feitas pela pesquisa, eventuais candidatos petistas apresentaram baixo desempenho, caso da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

"A transferência não é um ato político tão simples", ponderou Guedes.

Lula é dono de um importante patrimônio eleitoral, exibindo aprovações recordes a cada levantamento estatístico. De acordo com o Sensus, ele obteve avaliação positiva de 68,8 por cento, ante 57,5 por cento em abril. Esse é o melhor nível desde 1998, quando o instituto passou a fazer a pesquisa para a CNT, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso.

Segundo Ricardo Guedes, o exemplo dos Estados Unidos é uma boa premissa para analisar o quadro eleitoral brasileiro. Para ele, as eleições nacionais tendem para o bipartidarismo, com PT e PSDB protagonistas dessas disputas

"Nas eleições norte-americanas (polarizadas entre republicanos e democratas), quando a aprovação (do presidente) fica acima de 50 por cento, ele tende a fazer seu sucessor", afirmou.

No pleito municipal, por exemplo, Lula tem um potencial de transferência direta de voto da ordem de 44,1 por cento. Entre os entrevistados, 15,5 por cento disseram que votariam somente no candidato apoiado por Lula, e 28,6 afirmaram que poderiam votar no nome escolhido pelo presidente.

Essa marca, no entanto, pode crescer ainda mais, já que outros 30,9 por cento disseram que só decidiriam pela influência de Lula quando o candidato fosse definido.

"Essa é uma taxa historicamente alta. Em geral, os presidentes transferem uma média de 10 por cento", disse Guedes.

SUCESSÃO PRESIDENCIAL

Apesar de Lula exibir o status de maior cabo eleitoral, a pesquisa mostrou um cenário muito mais favorável ao PSDB em 2010. Sem Lula no páreo, o governador de São Paulo, José Serra, se mantém à frente de adversários na pesquisa estimulada.

Lula, no entanto, lidera o quadro na sondagem espontânea.

O tucano está à frente em todas as simulações em que participa. Já Dilma Rousseff (PT), ocupa o terceiro ou quarto lugares no primeiro turno e é derrotada por qualquer candidato do PSDB no segundo.

"A gente vê o Serra em alta ou estável, a Heloísa Helena (PSOL) decrescendo e a Dilma aumentando paulatinamente", disse Guedes, explicando que, apesar de os candidatos do PT terem baixo desempenho, "ainda é muito cedo" para uma eventual transferência de popularidade do presidente a um candidato seu em 2010.

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE), da base de sustentação de Lula, aparece sempre na frente de Dilma. Ele também derrotaria o tucano Aécio Neves, governador de Minas, em cenário de 1o turno, mas perderia para Serra. Petistas como Marta Suplicy e o ministro Patrus Ananias não rompem a marca do último lugar nas simulações.

POPULARIDADE RECORDE

A percepção do brasileiro, que colabora para a popularidade recorde de Lula, vem de fatores como moeda relativamente estável, poder aquisitivo maior, reservas cambiais em alta e opinião de que a crise internacional não deve atingir o Brasil.

O desempenho pessoal de Lula ficou em 77,7 por cento, frente aos 69,3 por cento em abril, retomando o grau atingido no primeiro ano de seu governo.

A avaliação negativa do governo caiu de 11,3 por cento em abril para 6,8 por cento neste mês. A regular percorreu a mesma trajetória, passando de 29,6 por cento para 23,2 por cento.

A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 15 e 19 deste mês com 2.000 entrevistados em 136 municípios do país. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais para cima ou para baixo.

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