Países maiores estão em posição melhor, diz presidente do banco.
A América Latina sofrerá neste ano um impacto forte na economia, com uma contração de entre 2% e 2,5%, mas o crescimento voltará em 2010, em uma recuperação lenta e desigual, informou o Banco Mundial (Bird) nesta sexta-feira (3).
A estimativa para 2009 representa uma revisão para baixo em relação ao último relatório do organismo sobre a região, de abril, quando a previsão era de uma queda regional de entre 0,5% e 1,5%.
Nesta quinta-feira (2), porém, o presidente do Bird, Robert Zoellick,(Foto) destacou a posição vantajosa dos maiores países da América Latina para enfrentar a crise econômica.
"Tendo trabalhado com crises durante os anos 80 e 90, o que mais chama a atenção é como a América Latina lida com esta crise em uma posição diferente", disse Zoellick, após uma reunião com a presidente do Chile, Michelle Bachelet, em Santiago.
"Obviamente, há uma grande diversidade entre cada país, mas alguns países, incluindo os maiores - como Brasil, México, Colômbia, Peru e Chile - lidaram com a crise de uma posição boa", estimou o presidente do Bird.
De acordo com Zoellick, os fatores que influenciam este melhor posicionamento incluem orçamentos mais fortes, maiores reservas, melhor posição comercial e um manejo flexível do tipo de câmbio. "Além disso, passam por uma boa base no que diz respeito à proteção social", estimou.
Zoellick ponderou, no entanto, que o bom panorama não significa que estes países vão escapar incólumes da crise, mas "têm mais flexibilidade como para combatê-la". "Um dos desafios que vários países vão ter que enfrentar é a dificuldade para ter acesso ao financiamento internacional para apoiar alguns de seus programas", alertou.
Zoellick lembrou ainda que a América Latina foi a região que mais recebeu recursos do Banco Mundial no ano fiscal concluído na última quarta-feira (1), com mais de US$ 17 bilhões de um total de US$ 59 bilhões investidos em todo o mundo.
Pobreza e desemprego
A crise global, segundo o Bird, vai atingir a região em cinco aspectos: a América Latina registrará a primeira recessão em sete anos, a pobreza e o desemprego aumentarão, o financiamento externo ficará menor e vai cair o valor das remessas enviadas pelos trabalhadores imigrantes, uma fonte de financiamento importante para alguns países.
Para 2010, o Bird prevê um retorno lento do crescimento, que será de entre 1% e 2%, mas desigual entre os países da região.
A pobreza vai aumentar 1,1%, já que a crise empurrará mais de oito milhões de latinoamericanos à pobreza. Em 2008, 181,3 milhões de moradores do continente eram pobres.
Classe média
Segundo o Banco Mundial, a crise será especialmente dura com a classe média, em consequência da queda da demanda por exportações não-tradicionais, que tendem a empregar trabalhadores formais, urbanos e tecnologicamente mais avançados.
O desemprego também vai crescer na região e o valor dos salários deve registrar queda, o que aumentará a informalidade.
Outro relatório, divulgado nesta sexta-feira (3) pela Comissão Econômica para América Latina (Cepal), destaca que a taxa de desemprego aumentará mais de 1% em 2009.
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