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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Avião iraniano cai após pegar fogo, 168 pessoas morrem


Por Caren Firouz e Hossein Jaseb

JANNAT ABAD, Irã (Reuters) - Um avião Tupolev caiu no Irã na quarta-feira quando estava a caminho da Armênia depois de pegar fogo em pleno vôo, 16 minutos depois de decolar, matando as 168 pessoas que estavam a bordo.

No pior acidente aéreo dos últimos seis anos no Irã, a aeronave de fabricação russa da empresa Caspian Airlines deixou apenas destroços metálicos incinerados e fragmentos dos corpos de 153 passageiros e 15 tripulantes, espalhados numa área extensa em volta de uma cratera funda e fumegante no chão.

O avião Tu-154, que voava de Teerã para a capital da Armênia, Yerevan, caiu perto da cidade de Qazvin, no noroeste do Irã, pouco antes do meio-dia (hora local, 4h30 em Brasília). Autoridades disseram que só saberão as causas da queda depois de encontrarem as caixas pretas do avião.

Oito membros da equipe nacional júnior de judô e dois treinadores estavam entre os mortos, além de um ex-parlamentar iraniano que representava a minoria armênia iraniana e, ao que consta, a mulher do chefe da missão diplomática da Geórgia no Irã.

"Vi um dedo de passageiro no chão. Não há sinal do avião, apenas pedacinhos de metal," disse uma testemunha da Reuters. "Não vi nem sequer um braço ou perna inteiro."

Familiares e amigos dos mortos se reuniram no aeroporto de Yerevan, onde um cartaz numa parede trazia a lista das pessoas a bordo do avião. Médicos trataram parentes que estavam sofrendo de choque ou problemas cardíacos.

O vice-chefe da autoridade de aviação civil da Armênia, Arsen Poghosyan, disse à imprensa no aeroporto de Yerevan que havia dois cidadãos armênios e dois da Geórgia no avião. Dois tripulantes e 29 passageiros eram cidadãos iranianos de origem armênia, disse ele.

O Irã tem cerca de 100 mil habitantes de etnia armênia, muitos dos quais fazem viagens frequentes entre Teerã e Yerevan para visitar familiares.

TOTALMENTE DESTRUÍDO

Forças de segurança contiveram parentes desesperados que tentavam ultrapassar o cordão de isolamento no local da queda para encontrar os corpos de seus entes queridos.

"O avião Tupolev foi totalmente destruído e os corpos, infelizmente, também estão totalmente queimados e destruídos", disse o comandante de polícia de Qazvin, Massoud Jafarinasab, à agência de notícias semioficial Fars.

Uma autoridade local disse que o avião teve problemas técnicos e tentou fazer um pouso de emergência. "Infelizmente o avião pegou fogo no ar e caiu", disse ele à Fars.

Uma testemunha contou que viu o avião em chamas no ar, tentando aterrissar. "Ele fez círculos no ar. Então ouvi uma explosão", disse à Reuters o agricultor Mostafa Babashahverdi.

"Encontramos cabeças e dedos decepados e passaportes dos passageiros."

A rádio estatal disse que o piloto, em conversa gravada com a torre de controle, não mencionou qualquer problema técnico.

Funcionários do aeroporto de Yerevan disseram que uma aeronave levará parentes até o local do desastre. O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ordenou a criação de uma força-tarefa especial para investigar o acidente. O presidente da Armênia, Serzg Sarksyan, decretou que o dia 16 de julho será um dia nacional de luto pelas vítimas do desastre.

Sanções impostas pelos Estados Unidos impedem a venda de aviões Boeing ao Irã e impedem a República Islâmica de comprar outros aviões ou peças do Ocidente, já que a maioria deles depende de motores e peças de fabricação norte-americana.

Especialistas em segurança aérea dizem que o histórico do Irã nesse quesito é fraco, com uma série de acidentes nas últimas décadas, muitos envolvendo aviões de fabricação russa. Foi o terceiro acidente mortal envolvendo um Tupolev Tu-154 no Irã desde 2002.

Foi o mais mortal desde 2003, quando um Ilyushin Il-76, também de fabricação russa, colidiu com uma montanha no Irã.

A Caspian Airlines foi fundada em 1993. Sua frota é inteiramente composta de Tupolevs, e ela opera voos entre cidades iranianas e também rotas para os Emirados Árabes Unidos, Ucrânia e Armênia.

(Reportagem adicional de Parisa Hafezi e Zahra Hosseinian em Teerã, Hasmik Mkrtchyan em Yerevan, Margarita Antidze em Tbilisi e Jon Hemming, Jason Neely em Londres)

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