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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Otimismo externo e bancos levam dólar à nova mínima

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda ante o real nesta segunda-feira e renovou a mínima em mais de 10 meses, a reboque do bom humor no cenário internacional e à pressão dos bancos por cotações mais baixas.

A moeda norte-americana caiu 1,71 por cento, a 1,834 real na venda, menor nível desde 25 de setembro de 2008, quando terminou a 1,821 real na venda.

"Saíram os números sobre o setor industrial norte-americano e eles vieram melhor que o esperado. Com as bolsas em alta, o dólar encontra espaço para cair", avaliou o operador de câmbio João Eduardo Santiago, do Banco Alfa de Investimento.

Pela manhã, dados do governo dos EUA mostraram que a atividade manufatureira encolheu em julho, mas num ritmo menor que o de junho.

O índice do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) passou para 48,9 em julho, ante 44,8 em junho.

Os investidores enxergaram os números como mais um sinal de que a economia norte-americana pode estar se recuperando da mais grave recessão desde a década de 1930.

Nesse contexto, tanto as bolsas de valores dos Estados Unidos quanto à do Brasil exibiam expressivas altas no momento em que as operações no mercado de câmbio local se encerraram.

Estimulando a queda do dólar no mercado local, a moeda atingia no exterior o menor nível desde setembro do ano passado ante suas principais rivais, caindo cerca de 0,9 por cento.

Para o gerente de câmbio da Fair Corretora, José Roberto Carreira, a baixa da divisa nesta sessão também esteve ligada à pressão de bancos. Os bancos estão vendidos em dólar e, para que obtenham lucro, precisam que a moeda norte-americana continue caindo", explicou.

Na sexta-feira, de acordo com a BM&FBovespa, as instituições bancárias sustentavam 3,144 bilhões de dólares em posições vendidas (que, na prática, revelam apostas na queda do dólar).

Somado a isso, os investidores estrangeiros também apostavam na desvalorização do dólar, carregando 896 milhões de dólares na mesma posição.

TENDÊNCIA DO DÓLAR

João Eduardo Santiago, do Banco Alfa, disse que as perspectivas ainda apontam para a continuidade da baixa do dólar ante o real. Isso porque, para ele, tanto o fluxo de dólares no segmento comercial como no financeiro deve se manter positivos.

Ele citou os dados da balança comercial brasileira, que registrou superávit de 2,928 bilhões de dólares em julho, de acordo com números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio divulgados nesta manhã.

No lado financeiro, à medida que "os estrangeiros retomam a confiança em investimentos de maior risco" o saldo deve seguir positivo, disse.

Segundo dados da BM&FBovespa, até 29 de julho, as compras dos estrangeiros na bolsa paulista superaram as vendas em 1,345 bilhão de reais. No ano, o número é positivo em 11,461 bilhões de reais.

(Reportagem de José de Castro)

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